Excedente do calor gerado pelo efeito estufa pode estar se acumulando no fundo do mar
Calor global ‘perdido’ pode estar indo para fundo dos oceanos – O mistério do calor “perdido” pode ter sido resolvido: ele pode estar escondido no fundo dos oceanos, temporariamente mascarando os efeitos do aquecimento global vindo das emissões de gases do efeito estufa, reportaram pesquisadores neste domingo.
Os cientistas climáticos há muito tempo se perguntavam para onde ia o calor “perdido”, principalmente na última década, quando as emissões de gases estufa continuaram crescendo, mas as temperaturas mundiais não subiram na mesma proporção. Reportagem de Deborah Zabarenko, da Reuters.
É importante acompanhar o aumento na geração de energia e de calor no sistema terrestre, por conta de seu impacto no clima atual e no do futuro.
As temperaturas ainda estão elevadas. A década entre 2000 e 2010 foi a mais quente em mais de um século, mas o ano mais quente foi em 1998, até que 2010 empatou.
A temperatura mundial deveria ter subido mais, calcularam os cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica.
Eles descobriram que as emissões de gases do efeito estufa cresceram durante a década, e os satélites mostraram uma crescente diferença entre a luz do Sol e a radiação emitidas.
Parte do calor estava chegando à Terra e não ia embora, mas as temperaturas não estavam subindo como estimado.
Então, para onde esse calor “perdido” ia?
Simulações feitas em computador sugerem que a maior parte dele está preso em camadas mais profundas dos oceanos, abaixo de 305 metros, durante períodos como a década passada, quando as temperaturas não subiram conforme esperado.
Isso pode acontecer por anos ao longo do tempo e periodicamente neste século, mesmo que a tendência de aquecimento se mantenha, concluíram os pesquisadores no jornal Nature Climate Change, no artigo ‘Model-based evidence of deep-ocean heat uptake during surface-temperature hiatus periods’.
“Este estudo sugere que a energia perdida tem, na verdade, queimado no oceano”, afirmou em comunicado o coautor do estudo, Kevin Trenberth, do NCAR. “O calor não desapareceu e portanto não pode ser ignorado. Ele tem consequência.”
Trenberth e outros pesquiadores fizeram cinco simulações em computador das temperaturas globais, levando em conta as interações entre a atmosfera, as áreas terrestres, os oceanos e o gelo do mar, baseando as informações em estimativas de emissões de gases do efeito estufa pelos humanos.
Todas as simulações indicaram que a temperatura global subirá vários graus neste século. Mas todas elas também mostraram períodos em que as temperaturas vão se estabilizar, antes de subirem. Durante esses períodos, o calor extra vai se mover para o fundo dos oceanos, devido a mudanças na circulação das águas marítimas, disseram cientistas.
Model-based evidence of deep-ocean heat uptake during surface-temperature hiatus periods
Gerald A. Meehl, Julie M. Arblaster, John T. Fasullo, Aixue Hu & Kevin E. Trenberth
Nature Climate Change (2011) doi:10.1038/nclimate1229
Reportagem da Reuters, no Estadão.com.br.
EcoDebate, 19/09/2011
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