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Índios brasileiros ordenam que Shell deixe suas terras

 

Homem Guarani. A Shell está usando cana de açúcar plantada nas terras dos Guarani. © Fiona Watson/Survival
Homem Guarani. A Shell está usando cana de açúcar plantada nas terras dos Guarani. © Fiona Watson/Survival

Índios da tribo Guarani, no Brasil, exigiram que a gigante da energia, Shell, pare de usar suas terras ancestrais para produção de etanol.

Ambrosio Vilhalva, um Guarani de uma das comunidades afetadas, disse à Survival International, ‘A Shell tem que sair das nossas terras … as empresas têm que parar de trabalhar na terra dos indígenas. Queremos a justiça, e a demarcação das nossas terras.’

A Shell se tem unido com a Cosan, empresa brasileira de etanol, em um empreendimento conjunto chamado Raízen. Parte do etanol da Raízen, que é vendido como biocombustível, é produzido a partir de cana de açúcar cultivada em terras ancestrais dos Guarani.

Em uma carta para as empresas, os índios advertem que ‘Depois que começou a funcionar a usina, a saúde ficou ruim para todos- crianças, adultos e animais’.

Acredita-se que os produtos químicos usados nas plantações de cana estão causando diarreia aguda entre as crianças Guarani, além de estarem matando peixes e plantas.

Os Guarani relatam, ‘Acabou remédios de vários tipos, que dá no mato, na beira do rio. A planta acabou pelo envenenamento’.

Continuam, ‘A usina nunca pediu permissão nem consultou com os índios para plantar em nossas terras’.

Faça download da carta dos Guarani
(pdf, 266 kb).

Até agora o governo brasileiro tem fracassado em defender suas próprias leis, deixando de mapear e proteger as terras para que fossem de uso exclusivo dos Guarani, e deixando-os vulneráveis à exploração de canaviais.

O atual boom na produção de cana de açúcar está tomando conta da terra ancestral dos Guarani. © Sarah Shenker/Survival
O atual boom na produção de cana de açúcar está tomando conta da terra ancestral dos Guarani. © Sarah Shenker/Survival

Enquanto isso, muitos Guarani ainda vivem em condições desumanas, em reservas super-povoadas ou acampados à beira de estradas.

Dezenas de Guarani foram assassinados ao tentar reocupar suas terras, e muitos outros foram expostos a atos de violência. Os Guarani de Pueblito Kuê foram os últimos a sofrer ataques, uma vez que reocuparam sua terra no mês passado.

O Diretor da Survival International, Stephen Corry, disse hoje, ‘É uma triste ironia que as pessoas comprem o etanol da Shell como uma ‘alternativa’ ética para combustíveis fósseis: certamente não há nada ético sobre o horrendo tratamento dispensado aos Guarani. O governo brasileiro precisa cumprir suas leis, e parar a destruição em massa de terras indígenas’.

Faça o download do relatório de Survival para a ONU, sobre a situação desesperadora dos Guarani (pdf, 2.2MB).

Informe enviado pela Survival International para o EcoDebate, 08/09/2011

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