Montanhas de Dinheiro, artigo de Benedicto Ismael C. Dutra
[EcoDebate] A partir da crise financeira de 2008 ficou clara a necessidade de mudanças profundas, pois a continuidade dos desmandos levaria a uma situação insustentável, um salve-se quem puder em decorrência da irresponsabilidade na emissão de dinheiro, títulos financeiros e dívidas. Com a crise da dívida americana ficou evidente que os líderes mundiais não estão à altura dos desafios, gerando dúvidas e desconfiança. É a batalha econômica que se revela na guerra das moedas, na complicação das desvalorizações cambiais e na incapacidade para o resgate das dívidas contraídas pelos Estados mal administrados.
Os Estados Unidos põem mais dólares em circulação, desvalorizando-os. A China acompanha a desvalorização, mantendo a sua vantagem cambial. Japão e Suíça se movimentam para deter a valorização de sua moeda. Isso tudo está inundando o mercado de liquidez, isto é, montanhas de dinheiro sobrando sem ter onde aportar começam a circular pelo mundo em busca de rendimentos seguros, como os do Brasil, cujos títulos do governo oferecem excelente renda. Brasil e outros emergentes fazem o que podem para deter a valorização de suas moedas e a invasão dos importados que enfraquecem o seu parque industrial. Mas de repente o mercado percebe que não há garantias, surge o pânico nas finanças e na população desesperançada.
Dizem os líderes mundiais que estão preocupados com a crise e o desemprego, mas apesar de todo dinheiro posto em circulação a vida da população não melhora, pelo contrário, agravam-se as dificuldades nos Estados Unidos e na Europa. Enquanto a Inglaterra foi palco de violentas manifestações de descontentamento com a vida, no Brasil, a população que viveu muitos anos de penúria se esforça por obter mais conforto, mas há uma tendência para o aumento do índice de latrocínios, ou seja, roubos praticados com violência, acarretando às vitimas lesões corporais graves ou morte. Os chamados “antiquados” líderes do passado apresentavam alguma estatura moral, mas o administrador moderno tem revelado somente insensibilidade e grande astúcia para enfrentar o salve-se quem puder da política e das finanças, conduzidas com irresponsabilidade.
Bill Gates está decepcionado com os baixos resultados obtidos por suas contribuições para a área de educação. Melhorar a qualidade do ensino significa melhorar a qualidade humana, mas isso deve começar em casa. Pais e mães devem encarar a geração dos filhos com responsabilidade. Com a edição do livro “Conversando com o Homem Sábio”, busquei resgatar um pouco desse importante fator na vida de cada um.Temos de levar em consideração os elementos da educação tradicional. A leitura profunda e os valores humanos foram os grandes trunfos daqueles que nasceram antes. Os seres humanos que obtiveram sucesso em seus empreendimentos, só o conseguiram porque tinham a capacitação de examinar interiormente o conjunto de conhecimentos adquiridos, e com bom senso, tomar as decisões acertadas que os destacaram por grandes realizações. O conhecimento adquirido deve ser internalizado através da reflexão intuitiva e integrado com o conjunto de vivências acumuladas em nossa consciência. Atualmente há uma forte tendência para agir superficialmente como máquinas sem coração e as decisões se fazem em função dos imediatismos, por isso não são duradouras, trazendo já na origem, um rastro de destruição e, para onde se olhar, notar-se-á a tendência para o caos.
Urge que os seres humanos prestem mais atenção ao sentido da vida e a sua essência espiritual e que sejam orientados sobre isso, pois com seres humanos espiritualizados, a vida fluirá com naturalidade e não haverá a necessidade de tanta interferência do Estado, nefasta por natureza, pois vai cerceando as liberdades individuais e possibilitando que grupos mal intencionados se apoderem do poder para atender prioritariamente, seus interesses egoísticos relegando o sentido da vida a plano secundário.
* Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Atualmente, é um dos coordenadores do www.library.com.br, site sem fins lucrativos, e autor dos livros Encontro com o Homem Sábio , Reencontro com o Homem Sábio, A Trajetória do Ser Humano na Terra e Nola – o manuscrito que abalou o mundo, editados pela Editora Nobel com o selo Marco Zero. E-mail: bidutra@attglobal.net
Colaboração de Simone Bertelli para o EcoDebate, 26/08/2011
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O sentido da vida, Benedicto, é poder viver em um meio ambiente saudável, dispondo de alimento, moradia, assistência à saúde, educação, segurança, etc., meios necessários à existencia digna. Quanto ao Estado, este estará presente, enquanto for necessário. A questão é: a serviço de quem estará? Da classe dominante ou do povo, em geral?
Se isso for espiritualidade, tá legal.
Benecdito, parabens pelo artigo.
“Atualmente há uma forte tendência para agir superficialmente como máquinas sem coração e as decisões se fazem em função dos imediatismos, por isso não são duradouras, trazendo já na origem, um rastro de destruição e, para onde se olhar, notar-se-á a tendência para o caos.”
Despreze os comentários irônicos daqueles que não alcancam o entendimento por falta de cultura.