Postos de gasolina e poluição, artigo de Aroldo Cangussu
[Ecodebate] O modelo de vida que a nossa sociedade adotou tem o seu componente mais forte no automóvel. Tudo é feito de carro. As cidades já não têm como resolver os problemas de circulação e estacionamento de veículos. Está tudo lotado e as mazelas advindas desse fato se agigantam, inclusive com o aumento da poluição do ar.
Se pensarmos que um automóvel médio brasileiro pesa quase uma tonelada (sem falar nas camionetes último tipo, amplamente usadas pela classe média para demonstrar status e que são bem mais pesadas) é que se verifica o absurdo de entrar em um carro para andar dois quarteirões.
Advindo disto, ocorre a proliferação dos postos de combustíveis – quase que em cada esquina – e as consequências ambientais provocadas por eles. Felizmente a legislação ambiental brasileira obriga – desde 2001 – que estes empreendimentos implantem uma série de dispositivos que permitem mitigar os impactos negativos.
Antes dessa data, os postos possuíam tanques de aço comum que, com o tempo, se corroíam e provocavam furos por onde vazavam os combustíveis contaminando perigosamente o solo e as águas subterrâneas. Hoje a lei determina que todos os estabelecimentos promovam a substituição dos tanques de aço por tanques jaquetados, ou seja, tanques que possuem duas paredes, a interna de aço e a externa de fibra de vidro, que não sofre o processo de corrosão, não enferruja. Além disso, o espaço entre as duas paredes é monitorado através de sensores eletrônicos que detectam qualquer tipo de vazamento.
Tem mais: o piso da área de abastecimento de automóveis é feito de um concreto especial, polido e sem a presença de trincas para evitar qualquer infiltração. A água que é usada para lavar para-brisas escorre por este piso e, através de canaletas laterais, é direcionada para uma caixa separadora de água e óleo que, por diferença de densidade, separa o óleo da água. Este óleo é recolhido por uma empresa especializada que o transporta para ser rerrefinado. Os resíduos sólidos oleosos (como embalagens de óleo, estopas etc) também são recolhidos e enviados para incineração.
Os postos também são obrigados a instalar câmaras (chamadas de “sumps”) sob as bombas e filtros e nas aberturas dos tanques de combustíveis para evitar que vazamentos nas conexões escorram para o solo. É preciso ainda instalar válvulas anti-transbordamento nas tubulações que levam o combustível dos tanques para as bombas. Estas tubulações que antes eram de aço e podiam enferrujar, hoje tem que ser de PEAD, um polímero (uma espécie de plástico duro) que não enferruja.
Os lavajatos seguem a mesma determinação dos postos e são obrigados a instalar caixas separadoras que segregam o óleo da água que segue limpa para as redes de drenagem.
Esta legislação já foi praticamente implantada nos postos antigos e os novos naturalmente já são construídos de acordo com ela.
* Aroldo Cangussu é engenheiro e ex-secretário de meio ambiente de Janaúba e diretor da ARC EMPREENDIMENTOS AMBIENTAIS LTDA.
EcoDebate, 24/08/2011
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