Mineração no Norte de Minas: Bem Vinda… Em Termos, artigo de Aroldo Cangussu
[EcoDebate] O Jornal da Serra Geral, de Janaúba – MG, noticiou na semana passada que a Mineração Riacho dos Machados (MRDM), subsidiária da canadense Carpathian Gold Inc., iniciará suas atividades de exploração de minério de ferro e ouro na região do norte de Minas a partir do próximo ano. É uma notícia alvissareira por um lado e preocupante por outro.
O lado positivo é o que se refere à criação de empregos e renda e o consequente desenvolvimento econômico que a atividade produz. Entretanto, a mineração também provoca enormes impactos ambientais e, se não bem administrada, também intensas desigualdades sociais. Tenho conhecimento de projetos, em outras regiões, em que a mineradora esgotou as reservas minerais deixando para trás o buraco, desemprego e miséria.
A mineração, sabemos todos, exige mão de obra especializada e semi-especializada o que não é fácil de ser encontrada aqui na região. Daí, pode se deduzir que o aproveitamento de pessoal daqui será limitado, a não ser que a empresa promova uma intensa capacitação local.
É claro que a mineração é uma atividade necessária e imprescindível para este modelo de vida a que estamos submetidos. Basta dar uma olhada ao nosso redor: quase tudo é proveniente da exploração dos recursos naturais. As edificações e estruturas em geral são feitas de tijolos (extração de argila), cimento, madeira, aço, alumínio, cobre, combustíveis, enfim, a lista é infindável.
Os impactos negativos causados pela mineração, não obstante, dependendo do planejamento a que o empreendimento foi submetido, pode suplantar os seus benefícios. Os principais são: desmatamento (com danos irreversíveis à fauna e flora), degradação do solo (abertura da cava), comprometimento da qualidade das águas superficiais (lembrando que esta nossa mineração está próxima do mais importante manancial do norte de Minas, a Barragem do Bico da Pedra), introdução ou aumento nos níveis de ruído, poeira e trepidação, além de problemas de segurança de trânsito, devido à intensa circulação de caminhões e máquinas no entorno do empreendimento.
A legislação ambiental brasileira é bastante rígida e cobre todos os impactos aqui mencionados. Pela notícia do jornal, tomamos conhecimento que a Mineradora está em processo de licenciamento ambiental. Já está na fase da Licença Prévia e o órgão ambiental, inclusive, já estipulou uma série de vinte e três condicionantes a serem cumpridas pelo empreendedor para obter a licença.
Quero deixar claro que não sou contra a atividade mineradora, pois sei da sua enorme importância econômica e social, mas também conheço bastante a possível degradação que ela pode provocar. Degradação esta que pode ser perfeitamente mitigada através de um planejamento eficaz e de uma execução bem realizada.
* Aroldo Cangussu é engenheiro e ex-secretário de meio ambiente de Janaúba e diretor da ARC EMPREENDIMENTOS AMBIENTAIS LTDA.
EcoDebate, 16/08/2011
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