Especialistas defendem mudança do modelo agrícola brasileiro para reduzir o uso de agrotóxicos
O aumento da produção agrícola brasileira, com redução do uso de agrotóxicos, exige substituição do modelo de produção adotado no país. Já existem tecnologias para produzir alimentos de forma mais ecológica, mas é preciso incentivo estatal para adotá-las. Essas afirmações são do pesquisador da Embrapa, Marcelo Augusto Boechat Morandi, que atua no Departamento de Meio Ambiente da entidade. O pesquisador participou na manhã desta quinta-feira (7) de audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA),
Em curto prazo, disse Morandi, os produtores terão bons resultados com o aperfeiçoamento de práticas já adotadas com o modelo tradicional. O monitoramento integrado de pragas e doenças, o aperfeiçoamento da tecnologia de aplicação de defensivos, a capacitação de técnicos e produtores e a restrição de produtos altamente tóxicos, sugeriu, podem contribuir para a redução do consumo de agrotóxicos.
Marcelo Morandi recomendou ainda a integração e substituição de insumos agrícolas e práticas convencionais por práticas mais sustentáveis. Como exemplo ele sugeriu plantio direto de culturas, fixação biológica de nitrogênio e a integração de lavoura, floresta e pecuária. Numa etapa posterior, acrescentou, poderá ser adotado sistema produtivo que funcione em processos ecológicos. Zoneamento adequado para cultivo de cultura certa no lugar e época corretos, com valorização dos ecossistemas, bem como atualização da grade de formação dos profissionais agrários com visão ecológica, são medidas a serem adotadas em longo prazo, sugeriu.
O pesquisador da Embrapa defendeu ainda a recuperação do sistema da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) para oferecer assistência técnica a produtores, tarefa que a Embrapa não teria capacidade de realizar.
Políticas
Na avaliação do representante da Campanha Permanente Contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida, Vicente Eduardo Soares e Almeida, que também é pesquisador da Embrapa Hortaliças, o Brasil possui tecnologia para, em dez anos, produzir frutas, verduras e legumes de forma ecológica. Em sua avaliação, são necessárias políticas públicas com estratégias para fazer a transição agroecológica, que contemple preocupação com a saúde e com o meio ambiente.
Para o representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Luiz Carlos Meireles, o controle do uso de agrotóxicos depende de melhor coordenação das ações entre os órgãos do governo e de melhor regulação da área, bem como a admissão de mais profissionais e pesquisadores por meio de concurso público. Ele informou que são 80 técnicos com formação em toxicologia para responder a todas as demandas relacionadas a agrotóxicos no país.
Luiz Meireles recomendou ainda a substituição de agrotóxicos mais perigosos por outros mais seguros e o monitoramento da qualidade dos produtos, serviços e resíduos tóxicos em alimentos, água potável e solo.
– Em sã consciência, ninguém quer consumir moléculas que causam câncer ou má formação em fetos. O estado quer minimizar os problemas e avançar para moléculas menos tóxicas – garantiu o representante da Anvisa.
Consumo
O aumento do consumo de agrotóxicos no Brasil é explicado pelo aumento da produção agrícola, disse o diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher. Ele afirmou que a produção do país vai aumentar nos próximos anos e, com isso, crescerá também o consumo de agrotóxicos. Para ele, o clima tropical do Brasil favorece à produção agrícola, mas, ao mesmo tempo, à proliferação de pragas.
Em sua avaliação, não é necessário aumentar a área plantada do país. Daher informou que são 65,38 milhões de hectares destinados à agricultura que, se bem aproveitados, poderão aumentar a produção agrícola. Segundo ele, a integração lavoura-pecuária pode aumentar em 50% a área plantada, sem a necessidade de destruir florestas.
Reportagem de Iara Farias Borges, da Agência Senado, publicada pelo EcoDebate, 08/07/2011
[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Apicultura, não foi citada nessa integração. Em Maravilhas MG, ja existe um trabalho exemplar; tem recebido vizitas de muitas missões até mesmo do exterior: trata-se do projeto integração Apicultura, Pecuária Lavouras e Florestas desenvolvido com assistencia tecnica de Emanuel Pinto Jr da EMATER de MG. É ncessário integrar a cultura das abelhas às diversas outras como agentes polinizadores, como fazem os paises desenvolvidos; grandes produtores de alimentos, segundo a FAO os prejuizos causados a agricultura no mundo por falta de agentes polinizadores chega à sifra de 80 bilhões de dolares, segunda a mesma fonte a polinização é 50 a 60 vezes mais valiosa do que os dez produtos que se tira da colmeia.