Após aumento do desmate, governo reforça fiscalização em Mato Grosso
O governo decidiu aumentar a ofensiva contra o desmatamento em Mato Grosso, que voltou a registrar avanço das derrubadas em março e abril. No bimestre, o estado foi responsável por 80% de todo o desmatamento verificado na Amazônia Legal pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A derrubada em Mato Grosso, tradicionalmente concentrada no norte do estado, se deslocou para o centro-oeste, na região de influência do município de Sinop, distante 500 quilômetros (km) de Cuiabá.
Mais de 200 homens da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e Polícia Rodoviária Federal e pelo menos 500 agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estão na região para reforçar a fiscalização e tentar coibir o avanço dos desmatamentos.
A minsitra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o ministro da Justiça, Jose Eduardo Cardozo, visitaram hoje o estado para acompanhar o trabalho de campo dos agentes. “Para sufocar o desmate, vamos entrar não só com a fiscalização, vamos para as áreas embargadas”, disse a ministra.
Os ministros estiveram em uma área de 120 hectares, desmatada recentemente, onde a vegetação foi derrubada com o uso do chamado correntão, que é uma extensa corrente de metal, presa a dois tratores, usada para derrubar mais rapidamente grandes áreas de floresta. Lá, o Ibama apreendeu dois tratores e multou o dono da terra, que é produtor de arroz, em R$ 600 mil.
O Inpe e o Ibama vão começar a monitorar áreas embargadas para que o governo seja alertado quando o proprietário estiver descumprindo a ordem de manter paralisadas as atividades agropecuárias. “Vamos tirar todo o equipamento, os tratores, a madeira. Quem aposta na ideia de que o boi vai ficar lá, vai perder”, alertou Izabella Teixeira.
O governo também quer aumentar o controle sobre as licenças estaduais para desmatamento legal. A lei determina que a emissão de licenças de supressão de vegetação é prerrogativa dos órgãos estaduais de meio ambiente, mas as informações devem ser compartilhadas com a União, que é responsável pela fiscalização. “Queremos saber onde o estado autoriza os desmatamentos. A responsabilidade é do estado, mas as informações precisam ser compartilhadas. Vamos ter um sistema para saber que desmatamento são legais ou ilegais na Amazônia”.
Mato Grosso, Pará e Amazonas já começaram a compartilhar dados de licenças ambientais com o governo federal e, segundo a ministra, deverão assinar acordos com a União para formalizar a troca das informações.
O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, pediu apoio do Exército para reforçar as ações no estado até 31 de julho. Os meses de maio, junho e julho são considerados críticos para o combate ao desmatamento na Amazônia por causa do período da estiagem, quando é mais fácil derrubar e transportar a madeira extraída ilegalmente. A operação pode ser estendida para outros estados. “Quando as nuvens abrirem, vamos começar a enxergar como está a situação e definir novas estratégias”, adiantou.
Reportagem de Luana Lourenço, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 26/05/2011
[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.