Demora no atendimento da rede pública contribui para que mulher com câncer de mama desista do tratamento
Se diagnosticado logo no início e tratado em seguida, o câncer de mama tem grandes chances de cura, podendo ser curável em 95% dos casos. No entanto, depois dos primeiros testes, parte das brasileiras não volta para fazer exames mais específicos ou mesmo iniciar o tratamento. Para organizações em defesa da saúde da mulher, um dos motivos da desistência é a demora em conseguir atendimento na rede pública.
“Você imagina uma mulher que trabalha e tem filhos. Tem que fazer toda uma logística para conseguir ir ao posto de saúde. E aí, o médico não foi, o aparelho está quebrado e passa o tempo. Isso é inadmissível”, reclama Maira Caleffi, presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama, que participou ontem (10) de audiência pública no Senado sobre a situação do câncer de mama no país.
Para Maira Caleffi, o prazo ideal para começar o tratamento é 30 dias após a descoberta da doença. Mas, segundo ela, grande parte das mulheres espera, em média, seis meses. A federação calcula que 30 mulheres morrem por dia no Brasil por causa do câncer de mama. Quase metade dos casos (45,3%) é diagnosticada em estágio avançado.
O Ministério da Saúde reconhece que mais da metade dos mamógrafos usados no Sistema Único de Saúde (SUS) funcionam abaixo da capacidade prevista. No mês passado, o órgão designou uma equipe que vai avaliar porque os equipamentos estão com baixa produtividade. No total, o sistema dispõe de 1.645 aparelhos, número suficiente para atender à demanda, segundo o governo federal.
Na audiência pública, a coordenadora de Média e Alta Complexidade do ministério, Maria Inez Gadelha, disse que a pasta pretende ampliar a oferta de biópsias, quimioterapia e radioterapia, serviços que estão aquém da demanda.
Para Ronaldo Ferreira, oncologista do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a desistência das mulheres pode estar relacionada também ao medo de enfrentar a doença e o próprio tratamento, como uma cirurgia. “É também o medo de saber que tem câncer”, afirmou, na audiência.
Reportagem de Carolina Pimentel, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 11/05/2011
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