O movimento indígena também quer participar da organização da Rio+20
O movimento indígena quer participar da organização da Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o Desenvolvimento Sustentável, chamada de Rio+20, que ocorrerá em 2012, no Rio de Janeiro. No dia 29/4, o líder indígena Marcos Terena cobrou do governo federal a criação do grupo de trabalho responsável por definir a posição brasileira no encontro. Para ele, essa é uma discussão que não pode ficar restrita aos meios diplomáticos.
“O governo precisa criar um grupo de trabalho para construção do evento, não ficar só o Itamaraty. O Itamaraty é um aliado importante, mas queremos dialogar com o Ministério de Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento Agrário, que têm posições contraditórias em relação aos créditos de carbono, por exemplo” declarou Terena, durante encontro sobre a Rio+20, que ocorreu no Rio.
Para organizar as demandas dos índios, Terena disse haverá uma reunião, em agosto, na cidade de Manaus. O objetivo é preparar um documento relacionando as questões consideradas fundamentais para serem tratadas na Rio+20, como o avanço das monoculturas e as grandes obras que impactam as terras indígenas.
“Nossa preocupação é mostrar para as Nações Unidas e para o Brasil que queremos voz dentro da construção do evento. Queremos trabalhar de igual para igual e poder apontar o que seria qualidade de vida para as próximas gerações”, afirmou Terena.
Terena adiantou que cerca de 750 índios de diversas partes do mundo vão montar um grande aldeia no Aterro do Flamengo, na zona sul da cidade, que se chamará Kari-oca, apelido dado pelos índios aos portugueses que chegaram ao Brasil no século 16 e que significa “cara de peixe feio” na língua tupi-guarani. O termo indígena acabou designando as pessoas que nascem na cidade do Rio de Janeiro.
Durante reunião preparatória da Rio+20, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira disse que um dos desafios da conferência será promover o engajamento dos cidadãos. Ela disse que o governo pretende incentivar o uso das redes sociais e da internet para mobilizar a sociedade em torno dos temas que serão debatidos na conferência.
Além da ministra, participaram do encontro o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner, os senadores Fernando Color de Mello (PTB-AL) e Cristovam Buarque (PDT-DF), o secretário estadual do Ambiente do Rio, Carlos Minc, e representantes de organizações não governamentais.
Reportagem de Isabela Vieira, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 02/05/2011
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