‘Aedes aegypti’: recomenda-se cautela para receitas caseiras
‘Aedes aegypti’: Especialistas reafirmam que o controle de criadouros pela população é a principal medida para combater o vetor da doença.
Cravo da índia, álcool e borra de café. Estes são ingredientes de algumas das fórmulas que circulam na internet prometendo proteção contra o Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue. Porém, especialistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) chamam atenção para o fato de que não há comprovação científica da eficácia desses produtos e alertam para o perigo que podem representar para a saúde da população. Eles reafirmam que o controle de criadouros pela população é a principal medida para combater o vetor.
“O Aedes aegypti é atraído pelo cheiro humano e pela liberação de gás carbônico. Por isso, cheiros fortes aplicados na pele podem desviar sua atenção, fazendo com que ele não considere a pessoa como um alvo. Recomendações como comer alho, cebola ou tomar vitamina C não são eficazes, já que seriam necessárias a ingestão de enormes quantidades para que o organismo liberasse o cheiro desses produtos no suor”, esclarece o pesquisador do IOC, Ricardo Lourenço. “Outro aspecto importante é que a altitude de voo do mosquito transmissor da dengue não passa de meio metro; como consequência, ele pica mais nas partes expostas nesta altura”, declara, explicando que esta é a área de maior concentração de gás carbônico.
No caso do uso de repelentes, o entomologista Ademir Martins alerta para os cuidados que devem ser tomados. “É preciso ressaltar que somente os produtos certificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) podem ser utilizados sem riscos, já que passam por inúmeros testes para garantir que não prejudicam nossa saúde”, explica. “Além disso, mesmo que tenham eficácia comprovada, ela estará relacionada com a durabilidade do produto, que pode ser afetada por fatores como suor, por exemplo”, reforça, acrescentando os cuidados necessários no uso em crianças.
Já a pesquisadora Denise Valle, chefe do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes do IOC, ressalta outro aspecto importante em relação às fórmulas caseiras de repelentes. “Uma coisa é um princípio ativo eficiente, que em geral é testado contra os mosquitos em situação particular, em gaiolas pequenas onde estão confinados. Outra coisa bem diferente é ter uma formulação deste princípio ativo que não machuque a sua pele, ou de seus filhos, e que tenha durabilidade”, pontua.
Ainda segundo a especialista, o uso de repelentes gera uma proteção individual e paliativa. “Os repelentes, mesmo os aprovados pela Anvisa, devem ser usados com critério. Eles têm duração limitada e não evitam a presença do mosquito na sua casa”, declara Denise. A pesquisadora reforça que a melhor forma de combater a dengue é o controle físico do vetor, ou seja, a diminuição da população dos mosquitos, realizada pela eliminação de criadouros do Aedes aegypti nas residências. “O ciclo de vida do Aedes, do ovo ao mosquito adulto, leva de 7 a 10 dias. Se realizarmos uma verificação rápida, de apenas 10 minutos, uma vez por semana, nos locais onde o vetor costuma colocar seus ovos, podemos interferir no seu desenvolvimento e impedir que ovos, larvas e pupas cheguem à fase adulta”, conclui.
Informe da Agência Fiocruz de Notícias, publicado pelo EcoDebate, 12/04/2011
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