Desperta, desperta: a Mata do Planalto, em Belo Horizonte, pede socorro!
Estamos prestes a testemunhar mais um ato de total irresponsabilidade e desrespeito com a natureza. Trata-se da derrubada da Mata do Planalto, no bairro Planalto, uma das últimas reservas ambientais de Belo Horizonte, MG, com aproximadamente 300.000 metros quadrados e que é considerada o pulmão verde da região norte da capital.
A Mata do Planalto acolhe mais de 60 espécies de aves, possui árvores nativas raras como, por exemplo, o Ipê Amarelo e a Copaíba, que está ameaçada de extinção, além de abrigar uma grande variedade de répteis e anfíbios. Conta também com mais de vinte nascentes, que por sua vez originam o córrego Bacuraus, afluente do Ribeirão Isidoro, que deságua no Rio das Velhas, principal afluente do Rio São Francisco. A Mata do Planalto, em conjunto com a Lagoa do Nado e da Pampulha, é de vital importância para o equilíbrio da biodiversidade da região.
Diante de tão grande valor que essa mata representa para a sobrevivência de inúmeras espécies, não podemos nos calar frente a um iminente crime ambiental: a derrubada da mata por uma construtora paulista – Construtora Rossi – que pretende erguer no local um condomínio com dezesseis edifícios de quinze andares cada um – 780 apartamentos de luxo -, que irá gerar impactos ambientais irreversíveis que afetarão as gerações atuais e futuras.
A compactação do solo fará com que as nascentes deixem de existir. O excesso de concreto despejado na mata contribuirá para a elevação da temperatura ambiente. As enchentes nas redondezas irão aumentar drasticamente, uma vez que um lado da mata fica situado em um vale para onde, em dias de chuva, as águas das regiões mais altas escoam e logo são absorvidas pela terra. Vale lembrar também que existe uma linda lagoa no interior da mata. Ou seja, a Mata do Planalto é um verdadeiro oásis no meio da capital mineira que sofreu um rápido e desenfreado processo de urbanização.
Sendo assim, estamos mobilizados e não assistiremos de camarote a mais uma demonstração de total desrespeito à natureza, movida pela cobiça e irresponsabilidade de grupos empresariais, alimentada pela negligência das autoridades, fortalecida pela indiferença de grande parte da população e respaldada pela insensibilidade do poder judiciário, que despreza o clamor da natureza e rejeita a voz daqueles que dão a vida pela causa ambiental.
Por fim, deixamos um último apelo em nome de todas as espécies da fauna e da flora que deixarão de existir e também em nome das gerações futuras que, certamente, colherão o fruto das nossas decisões. Convocamos a toda sociedade para, juntos, nos engajarmos nesta causa digna de nossa atenção, que é a preservação da Mata do Planalto. O que está em jogo é um futuro melhor para todos. Unidos podemos virar esse jogo e, assim, iremos conquistar uma grande vitória!
Reivindicamos que o prefeito Márcio Lacerda e o COMAM não conceda licenciamento ambiental para o massacre da Mata do Planalto, que deve ser preservada na sua integralidade.
ACPAD – Associação Comunitária do Planalto e Adjacências
AMACOR – Associação dos Moradores e amigos do Coração Eucarístico
ANDEMAS – Associação Nacional de Defesa do Meio Ambiente Sustentável
“Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” (Tiago 4:17)
Conheça mais sobre a Mata do Planalto, acesse os endereços eletrônicos abaixo e junte-se a nós:
www.matadoplanalto.blogspot.com – http://twitter.com/matadoplanalto
www.salvematadoplanalto.nafoto.net – www.google.com (digite Mata do Planalto)
A MORTE DA MATA DO PLANALTO E A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA
Antônio de Faria Lopes, Advogado
Importante não somente para os vizinhos, mas para toda a cidade os trezentos mil metros quadrados de mata, de nascentes, de pássaros e outros animais foram se transformando em espaço indispensável à preservação da vida da cidade, já tão poluída, tão quente e tão feia. Os moradores da Pampulha e da região norte correm o risco de perderem o seu pulmão.
A luta dos moradores não deve cingir-se aos aspectos meramente legais e aos pareceres dos órgãos ambientais, sempre muito condescendentes com os destruidores do meio ambiente, além de dóceis às pressões dos poderosos proprietários cujo único objetivo é o lucro. Nosso Estado de Minas Gerais é vítima permanente da exploração do nosso subsolo em troca de quase nada, como sabemos todos desde o ciclo do ouro. Aos mineiros, os buracos.
A Mata do Planalto não deixará de ser destruída só porque um conselheiro do Comam está impedido de ser o relator, como alega o Ministério Público. É preciso ficar explícito que permitir o desaparecimento da Mata do Planalto para atender à fome de lucro da especulação imobiliária é um crime contra a cidade, contra seus moradores, contra o meio ambiente e contra a vida futura. Há, na Prefeitura, quem diga que não se deve dificultar o desenvolvimento da cidade. Ninguém pede isto. O que esperamos é que nossos administradores não confundam desenvolvimento com a mera construção de apartamentos luxuosos para a minoria de ricos. Desenvolver a cidade significa criar melhores condições de vida para todos os seus habitantes. A começar pelos que mais necessitam. Não é assim o ensinamento do partido socialista ao qual pertence o prefeito Márcio Lacerda? Não foi com essas promessas que ele se elegeu?
Para preservar a Mata do Planalto só há um caminho. Desapropriá-la por interesse público. E é interesse de todos que ela continue com a sua função purificadora do ar que respiramos; como nascedouro do córrego Bacuraus, que caminha para o Ribeirão Isidoro, que vai dar no Rio das Velhas, que chega ao São Francisco a caminho do mar. É do interesse de BH que suas crianças aprendam, passeando pela Mata, a importância da fauna e da flora na sobrevivência do planeta e a responsabilidade que cada um tem nesta tarefa.
Conseguir a desapropriação não é tarefa fácil, entretanto. Ela tem inimigos na Prefeitura e na Câmara Municipal. São os poderosos de sempre: financiadores de campanhas eleitorais e clientes dos meios de comunicação.
O prefeito Márcio Lacerda terá coragem e independência de tomar a iniciativa de consultar a população sobre decisão tão importante? Verbas e meios para isto ele tem.
Sei que o vereador Heleno já está empenhado nesta luta. Estréia bem, de forma independente e comprometida com a população, com suas idéias e com seu passado. E nós, o que podemos fazer? Usar a internet, reunir vizinhos e amigos, visitar a Mata, participar de mobilizações, atrair os jovens, procurar as igrejas e suas lideranças. “Tudo vale a pena…”
* Colaboração de Gilvander Moreira, frei Carmelita, para o EcoDebate, 10/02/2011
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