Embrapa e UFRJ estudam propriedades antioxidantes da romã do semiárido brasileiro
A Embrapa Agroindústria de Alimentos e a Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vão iniciar uma pesquisa que visa agregar valor à produção nacional de romã. O projeto foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e terá participação de produtores do semiárido brasileiro.
A coordenadora do projeto, Regina Isabel Nogueira, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, informou à Agência Brasil que será pesquisada a safra que começou em dezembro e vai até este mês de fevereiro. Os pesquisadores pretendem confirmar se as características da romã, já conhecidas em outros países, alguns deles desde a antiguidade, permanecem em solo e clima brasileiros. Entre elas, o aproveitamento da fruta para a elaboração de ingredientes antioxidantes, que retardam o envelhecimento precoce e reduzem riscos para doenças como hipertensão e artrite.
Ao contrário de países da Europa, Ásia e Oriente Médio, que exploram a romã pelas suas propriedades boas para a saúde humana, essa fruta é pouco conhecida no Brasil. Seu consumo se limita à época das festas de final de ano. A fruta está sendo introduzida na região semiárida brasileira.
“E nós escolhemos fazer alguns processamentos com aquela fruta que você não consegue alcançar um padrão de comercialização dela fresca”, comentou Regina. “A nossa idéia é começar os estudos para já ter no Brasil algum conhecimento sobre essa fruta que vai ser produzida aqui, saber se ela vai manter as propriedades que traz do país de origem, se vai melhorar etc”.
A pesquisadora salientou que a participação dos produtores do semiárido é importante para os estudos. “A gente quer incentivar que eles produzam e agreguem valor a essa produção. A idéia do projeto é essa: estudar as diferentes fases da romã, caracterizando, elaborando alguns produtos. E ver o resultado disso, retornando para o produtor para que ele se motive a não ficar só no plantio experimental e, sim, começar a introduzir a agroindústria, a exemplo de outras coisas que aconteceram naquela região”. Ela citou o caso da uva, da manga e do melão, que se expandiram no semiárido.
O que se busca hoje é que os alimentos não sejam apenas nutritivos, mas também tenham propriedades funcionais, salientou. No caso da romã, a pesquisa objetiva, mais adiante, dizer, por exemplo, se um dos compostos bioativos da fruta, que é a antocianina, é bom para a saúde e contribui para diminuir a produção de radicais livres relacionados a algumas doenças coronárias, informou Regina. Destacou que o estudo ainda é incipiente, mas admitiu que “com o andar da carruagem, a meta é associar a parte farmacêutica também”.
Todas as partes da fruta serão utilizadas na pesquisa. A Escola de Química da UFRJ fará os estudos sobre as sementes da romã, enquanto a Embrapa Agroindústria desenvolverá as pesquisas sobre a casca e a polpa. Regina Nogueira disse que o projeto tem prazo para desenvolvimento de dois anos no CNPq. Caso ele seja incluído na programação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o prazo poderá ser alongado, visando a obtenção de maiores informações.
Reportagem de Alana Gandra, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 09/02/2011
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