Compostos flavonoides nas frutas vermelhas e pretas podem baixar a pressão
Frutas vermelhas para baixar a pressão – Substâncias diminuem o risco de doenças cadiovasculares
Um dos melhores remédios para manter a pressão arterial sob controle está na natureza, é vermelho e tem o formato de um coração. Segundo cientistas, o morango e outras frutas vermelhas e pretas, como amora, framboesa, cereja e mirtilo, contêm substâncias que mantêm o bom fluxo de sangue, diminuindo o risco de doenças cadiovasculares. Adicionadas à dieta que normalmente se segue para baixar a pressão, as frutinhas podem fazer toda a diferença, garantem especialistas. Reportagem de Antônio Marinho, em O Globo.
Num estudo recente, publicado na revista “American Journal of Clinical Nutrition”, os autores investigaram a ação de compostos flavonoides contra a hipertensão (especialmente as antocianinas, responsáveis pelas cores vibrantes das frutas).
Pesquisadores da Universidades de East Anglia, na Inglaterra, e Harvard acompanharam por 14 anos 133.914 mulheres e 23.043 homens em dois programas de saúde pública: o Nurses’ Health Study e o Health Professionals Follow-up Study. Nesse período, 29.018 mulheres 5.629 homens se tornaram hipertensos. Porém, aqueles que consumiram mais antocianinas de morangos e mirtilo tiveram uma redução de 8% no risco.
Um quarto dos brasileiros sofre de hipertensão
Parece pouco, mas não é. Os hipertensos (no mínimo 25% dos brasileiros até 60 anos) normalmente precisam de mais de um medicamento e a doença é a principal causa de derrames. E a pesquisa reforça o conceito de que uma dieta equilibrada é um santo remédio. A nutricionista Marcela Knibel, coautora, com Dora Cardoso, de “Nutrição contemporânea, Saúde com sabor” (Rubio), lembra que a pirâmide alimentar indica o consumo de duas a quatro porções de frutas ao dia.
“Em se tratando de mirtilo, morango, cereja, ou seja, berries, uma porção dessas frutas equivale a cinco a dez unidades pequenas” – ensina.
Ela comenta que morangos e outras frutas vermelhas têm o efeito turbinado quando combinadas com outras medidas já mais conhecidas da população. É preciso restringir o consumo de sódio (de 3 a 6g de sal/dia), ter estilo de vida saudável, controlar o estresse e cortar ao máximo gorduras saturadas.
Além dessas mudanças, Marcela recomenda seguir, com a orientação de especialista, a dieta Dietary Approach to Stop Hypertension (Dash), cuja regras são semelhantes às da alimentação mediterrânea, que prioriza frutas, legumes, verduras, laticínios desnatados, grãos e cereais integrais, ervas aromáticas, peixes e azeite extra-virgem.
“Esse tipo de dieta reduz indiretamente a ingestão de sódio e gorduras nocivas e aumenta a ingestão de potássio, cálcio e gorduras boas, como as monoinsaturadas e as pollinsaturadas; fibras e antioxidantes, todos aliados contra a hipertensão”- afirma.
Cacau evita a inflamação dos vasos e das artérias
Os antioxidantes – como os do cacau (chocolate amargo), por exemplo – protegem contra a inflamação das artérias porque estimulam a produção de óxido nítrico na parede interna dos vasos. E este composto é um vasodilatador, melhorando o fluxo de sangue.
Na opinião de Isabel Jereissati, do Setor de Nutrição do Núcleo Integrado de Atenção à Saúde da Mulher da Santa Casa de Misericórdia do Rio, para ter mais benefícios, a melhor forma de consumir as frutas é em in natura. Mas é preciso associá-las a outros alimentos, como verduras e legumes, ricos em potássio e magnésio, os minerais com bom efeito na redução da pressão.
Virginia Nascimento, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição, reforça que é preciso variar a dieta para controlar a pressão. Além de antocianinas, ela sugere maior consumo de potássio (cereais, castanhas, banana, damasco, figo, frutas secas e feijões); cálcio (leite e derivados, couve, agrião, mostarda, brócolis, feijões) e magnésio (carnes, leite, cereais, castanhas) na dieta diária. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, a doença é a responsável por 40% dos infartos e atinge 5% das crianças e dos adolescentes.
Veja as dicas dos especialistas:
ABUSE DE ANTIOXIDANTES – Esses compostos estão entre os mais estudados no controle da pressão. Segundo Marcela Knibel, eles devem estar em todas as refeições, de quatro a seis vezes ao dia. A quantidade dependerá do peso, estatura e gasto energético diário de cada um. Além das frutas vermelhas, ela recomenda chocolate amargo acima de 70% de cacau, pêssego, suco de romã, linhaça dourada, farelo de aveia, frutas oleaginosas (castanhas, noz e pistache), maçã, alcachofra, soja, pimenta-da-jamaica, canela, cravo-da-índia, manjericão, orégano, alecrim, noz moscada e feijões. Isabel Jereissati lembra que as frutas secas, como ameixas e damasco, são ótimas fontes de potássio (elemento com efeito vasodilatador), assim como a água de coco. Estudos mostram que ingerir potássio em boa quantidade até ajuda a reduzir a dose de anti-hipertensivos.
MAIS LATICÍNIOS – Prefira os desnatados e light. O cálcio, diz Virginia Nascimento, ajuda a controlar o sódio, que, em excesso, aumenta pressão arterial. Já o magnésio, também encontrado no leite e em cereais, $o tônus e contração dos vasos e das artérias, estimulando o relaxamento, o que permite o melhor fluxo de sangue.
O PODER DOS DIURÉTICOS – As pessoas que já sofrem de hipertensão podem conseguir alguma melhora consumindo mais alimentos diuréticos. Mas, antes, devem consultar seus médicos. Em seu livro, Marcela Knibel sugere usar mais erva-doce, salsão, coentro, berinjela, hortelã, limão, abacaxi, melancia e maracujá. Eles evitam a retenção líquida. Alimentos ricos em vitamina C, como frutas cítricas, têm efeito comprovado contra a pressão alta.
EVITE ÁLCOOL – O abuso de álcool aumenta a pressão. Quanto mais se bebe, maior a elevação. Para os homens, recomenda-se o consumo máximo de dois drinques por dia, cerca de 720ml de cerveja, 240ml de vinho ou 60ml de bebidas destiladas. Para homens de pequeno porte e mulheres, o recomendado é de um drinque por dia, mais ou menos 360ml de cerveja, 120ml de vinho e 30ml de destilados, diz Marcela. Em doses altas o álcool dificulta o fluxo de sangue.
EcoDebate, 01/02/2011
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