EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Artigo

O Novo Plano Nacional de Educação 2011-2020, artigo de Benedicto Ismael C. Dutra

[EcoDebate] Atualmente, há no planeta mais de um bilhão de crianças sem receber sequer a educação básica, o que aponta para um futuro sombrio e caótico. O desinteresse dos alunos e a educação de baixo nível significam que no Brasil, em comparação com outros países, os alunos que terminam a escola estão entre os menos educados do mundo.

Em boa hora, o ministro da Educação, Fernando Haddad, entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, (em 15 de dezembro de 2010) o projeto de lei do novo Plano Nacional de Educação (PNE), que irá vigorar na próxima década. O novo PNE tem como meta número um o atendimento à população infantil.

Examinando os problemas da educação no Brasil, destacamos duas principais necessidades: a primeira se refere aos alunos que não conseguem aprender a ler com fluência e ter compreensão do que estão lendo. A segunda é o contínuo crescimento do índice de abandono escolar devido à repetência no início do ensino fundamental.

Nas famílias menos preparadas, faltam estímulos para que as crianças tenham interesse de aprender e sede de saber. Sete em cada dez crianças brasileiras de até cinco anos estão fora da escola. Vivendo num ambiente com pouco incentivo para o aprendizado, as crianças ficam limitadas para o aprendizado futuro. Temos que incentivar o ingresso na pré-escola como meio para suprir essa lacuna. Portanto, a universalização do ensino infantil se constitui na grande esperança para a conquista de um melhor futuro para o País e para as populações carentes.

Segundo o ministro da Educação, o novo PNE repete algumas das metas do Plano aprovado em 2001 e que não foram cumpridas. Entre elas, a erradicação do analfabetismo, a inclusão de 30% dos jovens de 18 a 24 anos no ensino superior e a garantia do atendimento em creche para 50% das crianças de até três anos. Na avaliação de Haddad, algumas metas colocadas pelo plano anterior “não eram razoáveis”.

“Para quem tinha 9% de atendimento em creche (em 2001), chegar a 50% (até 2010) era uma meta não realista. Agora, que estamos em um patamar de 20% (percentual aproximado de crianças de até três anos matriculadas em creches) e a presidente eleita se comprometeu formalmente com a educação infantil, penso que chegar a 50% (até 2020) é factível. Antes era muito difícil quintuplicar a matrícula em uma década, não era razoável”, avaliou.

Metas:

Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de quatro e cinco anos, e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até três anos.

Meta 2: Criar mecanismos para o acompanhamento individual de cada estudante do ensino fundamental.

Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%, nesta faixa etária.

Meta 4: Universalizar, para a população de quatro a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino.

Meta 5: Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade.

Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica.

Meta 7: Atingir as médias nacionais para o Ideb já previstas no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)

Meta 8: Elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar mínimo de 12 anos de estudo para as populações do campo, da região de menor escolaridade no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional.

Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.

Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.

Meta 11: Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta.

Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.

Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores. Sete estratégias.

Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores. Nove estratégias.

Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.

Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, e garantir a todos formação continuada em sua área de atuação.

Meta 17: Valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de 11 anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino.

Meta 19: Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar.

Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Enfim, dinheiro aplicado em educação, nao é custo, mas sim investimento na melhoria da qualidade humana, o que certamente trará um futuro melhor.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Atualmente, é um dos coordenadores do www.library.com.br, site sem fins lucrativos, e autor dos livros Conversando com o Homem Sábio, O Segredo de Darwin e 2012… E Depois?. E-mail: bidutra@attglobal.net

** Colaboração de Ticiane Araújo para o EcoDebate, 07/01/2011


Compartilhar

[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.