Fabricando ‘malucos’, artigo de Américo Canhoto
[EcoDebate] Ao nascer trazemos no DNA um conjunto de potencialidades tanto para a sanidade quanto para a falta dela. Em cima dessa frágil base, a educação atual faz o resto do serviço: fabrica malucos em série.
Dentre muitos outros fatores, os maluquinhos começam a ser produzidos quando os objetos da Atenção opõem-se um ao outro e, por causa disso, não se pode estabelecer uma unidade psicológica coerente.
Se hoje nós vivemos no mundo da neurose com pinceladas de personalidades psicóticas, psicopáticas, bipolares, depressivas, angustiadas, esquizofrênicas; isso é fruto da nossa pobre vontade e da péssima educação que recebemos em todos os recantos do planeta.
Embora considerados “normais”, a maioria de nós é um ser psicopatológico devido á “cisão” da Atenção nos primeiros, e para a maioria até os últimos anos de vida (ação da mídia).
Este fato ocorre com relativa freqüência em alguns transtornos psíquicos, criando sérios problemas para a mente que deve atender, simultaneamente, a objetivos múltiplos ou extremamente contraditórios. Faça isso hoje; amanhã não pode, por que não desejo. Hoje estou de bom humor, amanhã estarei na TPM…
Essa condição de “duplo-vínculo” gera situações insolúveis no convívio familiar; tornando-se um fator de risco á sanidade pessoal e coletiva.
Quando a mesma pessoa transmite á outra duas mensagens afins, porém contraditórias e incompreensíveis, contendo exigências de natureza oposta, ao mesmo tempo; além de um erro grave; ainda impede que a vítima expresse uma opinião acerca da incoerência.
Exemplo comum: adulto que sabendo da tendência da criança á contradição (natural em certos períodos) usa o contraditório para conseguir atingir seus interesses de obediência a ordens quase sempre sem sentido. Ou a suprema preciosidade pedagógica: faça o que digo; não o que faço…
Na situação da atual forma de viver em família e sociedade, a pessoa se encontra numa situação singular e insustentável. Não pode adotar nenhuma atitude sem sofrer pressões e exigências contraditórias vindas, geralmente, de parte de um ou de ambos os pais ou da sociedade. O fato de não saber para que lado deva se “voltar”, para o lado do pai ou da mãe, ocasiona o desmantelamento no interior de si próprio e, externamente, nas relações interpessoais.
Cria-se uma situação sem saída; para os que se encontram a ela vinculados; com graves repercussões na vida social futura. Preocupante a repercussão social das atitudes de pessoas criadas dessa forma; e que um dia estarão atuando em cargos importantes: justiça, política, medicina, dirigentes políticos, diretores de empresas…
Para piorar tudo; na atualidade a situação familiar mudou; as ordens contraditórias vêm de vários focos: o namorado da mãe; a nova esposa do pai; o avô do outro lado da família, etc.
Esta situação de duplo-triplo-múltipo-vínculo implica, naturalmente, na “cisão” da Atenção de quem se encontra submetido a esta situação anômala; e termina operando a desintegração de uma personalidade em evolução e que não alcançou ainda pleno desenvolvimento – nem alcançará tão cedo, como demonstra (vide noticiários) a atual situação da convivência do ser humano consigo mesmo e com o próximo.
Embora pouco percebido esse distúrbio educacional; traz consigo severos prejuízos á evolução da humanidade.
O começo de um ato de Atenção consiste não só em dirigir o foco da Atenção para o estímulo sensorial; mas, ao mesmo tempo, interromper o estado psíquico anterior (dá também para entender a perda da nossa memória na vida contemporânea). Assim começa uma nova vivência e, se esse processo proporcionava prazer; ou não estava ainda terminado, a interrupção é vivenciada como uma perturbação. Por isso, admite-se que a dupla Atenção que um jovem deve prestar aos pais; quando ambos são muito diferentes e expressam opiniões divergentes, contraditórias e conflitantes, determina, como conseqüência, uma “rescisão” no processo de Atenção, que termina comprometendo, sobretudo, a parte afetiva da pessoa implicada.
Em 2011, cuidado ao adotar muitas causas – não se preocupe tanto em mudar o mundo; em salvar o planeta.
Talvez seja melhor que a gente invista em salvar nosso mundo íntimo; melhorar a sanidade nas relações familiares, sociais e nos ambientes de trabalho. Pessoas sãs: Planeta saudável.
Pequenas e simplórias mudanças na educação seriam suficientes para transformar este lindo planeta azul num verdadeiro paraíso cósmico.
Fale uma coisa de cada vez.
Seja simples e claro tanto na fala quanto nas intenções.
Aprenda a ouvir.
Seja simples, direto, reto…
Pense antes de falar – pensar não dói.
Vamos “fechar” o hospício reciclando as fábricas de malucos:
O primeiro passo é manter o foco; a coerência vem depois…
Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Usa a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.
* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 05/01/2011
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