Pecuária brasileira: ‘Patada’ Ecológica, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)
[EcoDebate] A “pegada ecológica” dos 187 milhões de brasileiros está estimada em 2,4 hectares por pessoa ano. Já ultrapassou a demanda, considerada equilibrada, de 2,1 hectares. Como o Brasil é o décimo país mais desigual do planeta, é evidente que alguns poucos estão consumindo mais hectares do que a esmagadora maioria que mal consegue sobreviver.
Porém, o estrago feito pela média brasileira tem embutida à “patada ecológica” do rebanho bovino. A pecuária brasileira ocupa 172 milhões de hectares para 177 milhões de cabeça de gado. Cada boi, portanto, ocupa quase um hectare de terra, ou seja, quase 20% da superfície do país. Toda área ocupada pela agricultura não passa de 72 milhões de hectares. Portanto, a “patada ecológica” das boiadas representa quase 50% da “pegada ecológica” da média brasileira.
Hoje a pecuária, parte essencial do agronegócio, representa quase um terço do PIB agrícola. Portanto, tem importância econômica. Ninguém que assuma o comando político do país vai abdicar desse negócio. Seria deposto no dia seguinte. Mas seu estrago é infi nitamente maior do que o da cana, da soja e outras atividades do agronegócio. Sem falar que para produzir um kg de carne são necessários de dez a 40 mil litros de água, a depender do que é contabilizado em todo o processo.
Há um agravante. Os bovinos, em seu metabolismo, expelem gás metano pelos arrotos e outros mecanismos, um dos gases do efeito estufa, dezessete vezes mais perniciosos que o próprio dióxido de carbono.
As fazendas de gado, nascidas junto com o país, ainda têm o dom de abrigar trabalho escravo em muitas de suas atividades. Portanto, primitivas no jeito de produzir, primitivas no jeito de lidar com as pessoas.
Quem conhece a lógica da biodiversidade sabe que nenhuma espécie sozinha é danosa ao equilíbrio da vida. Porém, quando se torna monocultivo, passa a ser um problema, não uma solução.
Um Brasil que se queira justo e sustentável terá necessariamente que rever a patada ecológica de seus bois.
OBS: Publicado originalmente no Brasil de Fato (Dezembro)
Roberto Malvezzi (Gogó), articulista do EcoDebate, é Assessor da Comissão Pastoral da Terra – CPT
EcoDebate, 04/01/2011
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Fico adminirado pela reprodução dos dogmas que são ditados pelas casas reais europeias através de suas ONGs e repetidas “Ad nauseam” pelos macaquinhos nacionais. Se a área do nosso país é de 8.514.876 km² ou seja 851.487.600ha divididos por 250.000.000 de habitantes (o máximo que chegaremos lá pelo ano 2040) nossa capacidade de pegada ecológica seria de 3,4ha e não 2,1ha como coloca o autor. Nos dias atuais a nossa “pegada ecológica” é de 4,3ha, por habitante.
Fico impressionado que não façam este cálculo para os países europeus, onde a área disponível para cada habitante por cada país é de França 0,87ha, Itália 0,51ha, Alemanha 0,43ha, Reino Unido 0,39ha, Bélgica 0,29ha e Países Baixos 0,25ha.
Se abrirmos mão de nossa pecuária e agricultura (a pecuária europeia é movida a ração produzida no Brasil) eles simplesmente morrerão de fome. Sugiro que o autor Roberto Malvezzi que é assessor da Comissão Pastoral da Terra, que olhe a pegada ecológica do Vaticano, pois dentro da área daquele estado, que vive da bondade dos países do terceiro mundo, só poderia sustentar 20 pessoas, o Papa e mais 19, ou se fizéssemos o cálculo ao contrário a área disponível para cada morador do Vaticano é de 0,05ha (ou melhor, 500m²), isto sim é que tem que ser revisto.