Bullying, artigo de Antonio Silvio Hendges
[EcoDebate] Bullying é um termo inglês de difícil tradução utilizado para caracterizar ações violentas físicas ou psicológicas, intencionais e repetitivas nos ambientes escolares. É um comportamento bastante comum, principalmente no ensino público, constituindo-se de atos de domínio dos agressores sobre as vítimas, geralmente através do destaque de características consideradas negativas e a intimidação constante.
Os estudos sobre este fenômeno iniciaram-se nos anos 70 do século XX e ganharam impulso na última década, principalmente pela dimensão e frequência com que tem se manifestado, apresentando-se em diversos momentos da vida escolar, “mas principalmente durante o período em que estão sem a supervisão do professor ou monitor, como nos recreios, ou momentos que antecedem ao início das aulas” (BEDENDO, PITON, 2010, p. 59).
Atualmente, uma evolução desta prática é denominada ciberbullying, em que através dos meios eletrônicos, em chats, blogs e conversas on line busca-se ridicularizar ou prejudicar colegas, professores, funcionários e gestores da educação. Esta é uma forma de agressão que se tem disseminado rapidamente, sendo multiplicativa e difícil de ser enfrentada devido ao espaço virtual em que é realizada. “Exposições pessoais de caráter discriminatório, chantagens, humilhações diretas, expõe a vítima a situações desagradáveis e negativas, impossibilitando-a de defender-se, pois o agressor […], sustentado pelo anonimato que este recurso lhe propicia, lança “guerra” contra suas vítimas” (BEDENDO, PITON, 2010, P. 60). Ferramentas eletrônicas quando utilizadas incorretamente podem ser armas devastadoras para denegrir colegas ou professores de forma rápida e multiplicativa.
Os praticantes de bullying geralmente possuem perfis agressivos, andam em grupos, são populares, em muitos casos já foram vítimas de violências familiares ou em outros grupos sociais, tem pouco envolvimento emocional com os pais, possuem rendimentos escolares baixos, têm probabilidade maior do consumo de bebidas alcoólicas e/ou outras drogas lícitas ou não, atacam colegas (e professores, funcionários, comunidade escolar) mais fracos e vulneráveis. As vítimas têm características como timidez, estatura menor, poucos amigos, defeitos físicos, particularidades, origem social inferior, estando expostos de alguma forma às agressões sofridas.
Indispensável destacar que agressores e vítimas de bullying necessitam de tratamento e acompanhamento adequados, sendo que os sintomas sociais que possibilitam o surgimento de grupos (ou indivíduos) agressores devem ser identificados pela comunidade escolar e gestores do ensino e de modo organizado e democrático estabelecer medidas concretas para erradicar esta prática, garantindo a igualdade de acesso e de oportunidades a todos os estudantes.
Os problemas médicos e psicológicos das vítimas necessitam de atenção específica. Se não tratados adequadamente podem desenvolver doenças e distúrbios com sérias consequências à vida posterior destes indivíduos. Portanto, as causas e soluções para o bullying são múltiplas e precisam de ações transversais e multidisciplinares para enfrentá-las com êxito.
Referências: BEDENDO, Andréia; PITON, Lucilene Rampazo. Violência Escolar: determinantes e prevenção. Os múltiplos olhares para o ensino de Biologia. Organizadores: Ana Maria dos Santos; Andréa Aline Mombach; Gabriela Cássia Consalter. Passo Fundo: Editora Berthier, 2010. p. 58-60.
Antonio Silvio Hendges, articulista do EcoDebate, é Professor de biologia e agente educacional no RS. Email: as.hendges{at}gmail.com
EcoDebate, 09/12/2010
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