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Para que serve a consciência? artigo de Américo Canhoto

[EcoDebate] Uma das maiores dificuldades da ciência tem sido definir e caracterizar o que seja consciência; talvez pela nossa realidade de seres em transição da animalidade para a humanidade; em nós ela ainda é incipiente.

Postulados científicos á parte podemos dizer para consumo interno que estamos conscientes quando em vigilância ou atentos e agimos de forma deliberada.

A maioria entende as funções e qualidades da consciência como:

– Um tipo de habilidade para discriminar, categorizar e reagir aos estímulos do ambiente.
– Capacidade de Integrar a informação num sistema cognitivo.
– Habilidade de comunicação entre os estados da mente.
– Habilidade para acessar seus próprios estados internos.
– Capacidade de atribuir um foco de atenção ao que está em jogo num determinado momento.
– Controle deliberado do comportamento.
– Diferença entre o estado de vigília e o de sono

Sempre que pensamos alguma coisa e/ou percebemos algo, existe um processamento mental das informações e, paralelamente a esse processamento neuronal, existe também uma representação subjetiva.

No ser humano em desenvolvimento do estado mais consciente a representação subjetiva pode ser entendida como a experiência.

Podemos então dizer que a consciência é o atributo mental capaz, entre outras coisas, de unificar e organizar todas nossas sensações com todas as nossas experiências.

Ter contato com a realidade de nosso estado de consciência pode trazer sensações boas e alegres ou tristes e prazerosas; mas, só consegue fazer isso a pessoa que já está focada no desejo de alterar e de ampliar seu estado de consciência.

Para exemplificar vou relatar uma ocorrência/experiência que vivi no trânsito semana passada.

Moro em SP e trabalho em SBC.

Conhecedor do meu potencial de impulsividade, intolerância e agressividade contida, eu procuro sair com antecedência, até para não ouvir uma das verdades que repugna os motoristas orgulhosos: Tá com pressa? – Acorda mais cedo!

Estava eu dirigindo tranqüilo e de forma “defensiva” quando levei o maior susto: um motoqueiro de forma deliberada pelo que mostrou a seguir; ele arrebentou com meu retrovisor, e saiu costurando todo mundo no trânsito.

No momento tive o ímpeto de ter uma arma na mão e descarregá-la nele. Respirando fundo isso, esse impulso me assustou. Eu já me “achava” um cara mais zen, capaz de relevar muitas afrontas e agressões – mas, o impulso (ele é a nossa verdade de evolução espiritual) de retaliação extremada me assustou e entristeceu; pior ainda foi a dificuldade em afastar a transferência do sentimento do momento a todos os motoqueiros que vieram a seguir (quanto mais eu rezo mais assombração me aparece).

Um motivo de alegria é que tive a relativa capacidade de ativar a consciência sem sair á caça dele para tirar satisfação; mas, ainda me falta dominar a impulsividade, a raiva e a agressividade; pois, levei um bom tempo para digerir as idéias e os impulsos que brotavam na minha cabeça.

Minha intenção ao relatar essa experiência pessoal, é alertar para um redobrado estado de atenção; de modo a não deixar passar em branco, experiências que podem servir de treinamento para dificuldades maiores que estão por chegar – Não apenas com relação aos meus defeitos de caráter expostos na situação; mas, muitas outras lições mais ligth passam em branco.

Na experiência que vivi: Imagine se tivesse uma arma – Um retrovisor quebrado vale a perda de uma ou várias vidas e a perda da qualidade da minha? – E se eu tivesse conseguido alcançá-lo?

Não sabemos o que nos reserva o futuro – melhor que nos preparemos, ampliando nossa consciência – refletir é o primeiro passo; já comecei da dar os primeiros; todas as dicas são bem vindas.

Para que serve a consciência ampliada?

Para nos levar a universos nunca dantes navegados por nós…

Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Usa a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.

* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 01/12/2010


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