A transitoriedade das Gerações, artigo de Gilberto Barros Lima
[Ecodebate] A escrita desse artigo inspirou-se nas citações de Carlos Drumond de Andrade revelando que “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial”. Essa primeira iniciativa estabeleceu a demarcação dos acontecimentos históricos e do mesmo modo aquilo que representou de mais importantes em nossas vidas.
Drumond ainda se refere com a genialidade desse indivíduo, no trecho que há a divisão do tempo em fatias, ali também se “Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão: Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos”, a segunda citação exemplifica a continuidade da História e de tudo o que realizamos durante um longo ano.
Distante do formalismo citado por Drumond, a maioria das pessoas afirma que atualmente o tempo voa e tudo passa numa rapidez tremenda, assustadora, voraz, animalesca e tantos outros adjetivos temporais quanto a esse contexto.
A próxima citação drumondiana (termo batizado nesse exato momento) revela que “Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar, que daqui para diante vai ser diferente”.
Que maravilhosa verdade explicitada por Drumond, ele se refere a quanta solidez existe nas palavras renovação e recomeço, quantas situações enumeramos para a construção de uma nova credibilidade de nossas ações, planos, desejos, sonhos e objetivos. Somos reféns daquilo que desejamos fazer diferente na próxima experiência, noutras palavras, diante da realidade surge outra questão filosófica shakespeariana do “Ser ou não ser. Eis a questão”.
Todos os argumentos citados revelam o frenético cotidiano da sociedade, apontando um período em que somos escravizados por sistemas políticos, econômicos e sociais. Realmente o mundo está magistralmente compilado nesse método preferencial regido pelas grandes potências, governado por uma minoria de pessoas multimilionárias, e consequentemente, estabelecendo novas regras de poder.
A transitoriedade das gerações tem como finalidade calibrar o desenvolvimento econômico, toda adulação oportunista revelam traços de caráter heterogêneo dos líderes mundiais, sobretudo, as suas governanças são constituídas de ações maquiavélicas diluindo o conceito da igualdade econômica, política, social e principalmente o poderio militar.
Cada geração vivenciou períodos diferenciados, nalguns momentos a História apresentou momentos sombrios, noutros os avanços tecnológicos permitiram inúmeros benefícios para toda a humanidade. Nessa dualidade de conceitos o mundo continua sendo empurrado por aceleradas mudanças, surgindo mais tensões múltiplas e ampliando o gritante contraste social entre todos os Países.
O mundo tem sido gerido erroneamente, perpetuando valores para os mais ricos e reduzindo mais inda as possibilidades de recursos para os mais pobres. Cada descoberta apresentada a sociedade, alguns usufruirão dessa novidade enquanto tantos outros se distanciarão das benesses tecnológicas.
A solução emergencial é integrar toda a humanidade para obter o equilíbrio socioeconômico, mas até mesmo esse desenvolvimento pode causar diversos desequilíbrios ambientais e piorar a situação de vários Países. Caminhamos para um futuro incerto, duvidoso e preocupante.
Que transitoriedade, nós ofereceremos as futuras gerações, qual a herança deixaremos para a continuidade de nossos familiares, que mundo nós entregaremos para o futuro?
O questionamento merece uma minuciosa reflexão.
Gilberto Barros Lima é Bacharel em Relações Internacionais (IBES-SC), Pós-graduado em Gestão de Negócios Internacionais (ICPG-SC) e Metodologia da Pesquisa e do Ensino Superior (IBES-SC), Captador de Recursos (Fundraiser) do Centro de Recuperação Nova Esperança (CERENE) e Professor Universitário em Responsabilidade Social.
EcoDebate, 22/11/2010
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