Desafios da Gestão Ambiental, artigo de Antonio Silvio Hendges
[EcoDebate] As mudanças sociais e econômicas do país nos últimos 60 anos impactaram o ambiente natural e alteraram as relações ambientais em amplas regiões e diversos ecossistemas. Economicamente, o país deixou de ser exportador somente de produtos agrícolas e matérias primas para ter características econômicas industrializadas; no aspecto demográfico, o crescimento das cidades alterou a distribuição populacional de predominantemente rural para urbana, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e capitais das demais regiões.
A partir dos anos 60 do século XX as novas fronteiras agrícolas no Centro Oeste e Norte provocaram um rápido desenvolvimento econômico destas regiões, porém impactaram negativamente o meio ambiente com alterações drásticas das paisagens e dos ecossistemas relacionados com a Floresta Amazônica, o Pantanal e o Cerrado. A construção de diversas rodovias e a opção pelo transporte rodoviário modificou e acelerou os fluxos migratórios, assim como a construção de diversas hidrelétricas alagaram extensas áreas de produção agrícola familiar.
Estas modificações sociais e econômicas deixaram um grande passivo ambiental em decorrência da falta de planejamento estrutural e da ausência de fiscalização das atividades potencialmente destruidoras/modificadoras/poluidoras das áreas naturais, dos recursos hídricos e do ar. O Estado foi em muitas ocasiões o principal incentivador das derrubadas, queimadas, assoreamento/poluição/contaminação de rios e mananciais, expansão dos monocultivos e da pecuária extensiva, bem como da favelização de amplas camadas excluídas economicamente que ocupavam (e ocupam) áreas sem planejamento e estruturas públicas adequadas nas periferias das grandes, médias e pequenas cidades.
A recente implantação do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) estabelece os instrumentos da gestão ambiental no Brasil, as leis e normas que devem ser observadas para a minimização dos impactos das atividades econômicas públicas e privadas desenvolvidas. Mas existem desafios que precisam ser enfrentados pelos gestores ambientais através de programas de gestão que não somente estejam em conformidade legal, mas contribuam para a qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável, a preservação e conservação da biodiversidade e dos recursos naturais.
A poluição/contaminação dos recursos hídricos, do ar nos grandes centros urbanos, dos solos e áreas agrícolas, dos impactos causados pela construção de grandes hidrelétricas, expansão sem planejamento dos centros urbanos, aumento do consumo e produção de resíduos, desenvolvimento industrial, alteração das paisagens naturais, mudanças climáticas, expansão agrícola e das monoculturas e muitas outras tendências de uso dos recursos naturais, certamente se apresentam como desafios à construção de Programas de Gestão Ambiental (SGA) públicos e privados que garantam à sociedade um retorno adequado aos impactos ambientais destas atividades, que evidentemente são sentidos (e pagos) por todos, afetando diretamente a qualidade de vida do conjunto de nossa população.
Antonio Silvio Hendges, articulista do EcoDebate, é Professor de biologia e agente educacional no RS. Email: as.hendges{at}gmail.com
EcoDebate, 17/11/2010
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