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Organizações produtivas de mulheres rurais se concentram no Norte e Nordeste

Mulheres rurais mostram seus produtos durante a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar. Foto ABr
Mulheres rurais mostram seus produtos durante a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar. Foto ABr

Os grupos de mulheres rurais que se organizam para produzir alimentos e artesanato são pequenos, com média de 15 integrantes, estão concentrados, predominantemente, nas regiões Norte e Nordeste e a maioria foi criada a partir de 2002. Os dados foram apresentados no domingo (15), no seminário sobre organizações produtivas das mulheres rurais, que fez parte da 14ª Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar no Mercosul. O perfil dos empreendimentos econômicos da mulheres rurais foi levantado pela Secretaria de Economia Solidária do Ministério do Trabalho.

Outra característica identificada no estudo foi a dificuldade de acesso dessas mulheres a políticas de crédito, seja por falta de personalidade jurídica das organizações ou porque acreditam ser este um processo muito burocrático.

“Esses grupos têm avançado, mas ainda precisam de muitos incentivos para qualificar e ampliar a produção. Um conjunto de políticas vem sendo implementado e temos atuado no sentido de auxiliar com documentação”, explicou Patrícia Mourão, da Assessoria de Gênero, Raça e Etnia do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

A realidade da artesã Marivânia Reis de Souza reflete os dados apresentados pelo estudo. Ela integra um grupo de 16 mulheres que vive no assentamento Caritá, em Jerimoabo, na Bahia, confeccionando redes, mantas e bolsas. Com quatro teares artesanais, elas foram capacitadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e receberam auxílio de um grupo italiano, que compra parte das peças e as exporta para a Itália.

Marivânia conta que, depois que as mulheres se organizaram em torno da produção do artesanato, a renda das famílias melhorou. “Antes tínhamos que esperar só pelo serviço do marido na roça e, às vezes, não dava nem para vender, só para o consumo. Com o artesanato já podemos comer melhor e sonhar em comprar móveis pra casa”, disse junto das mantas que trouxe para vender na feira montada no local da reunião, um complexo hoteleiro de luxo no centro de Brasília.

Ao lado de uma prateleira de doces e licores de caju, Marionete Brito, de Caxias (Maranhão), disse que cerca de 30 mulheres estão organizadas em torno do trabalho de aproveitamento da fruta. De acordo com ela, o grupo vende a produção nas feiras livres, mas a intenção é conseguir o registro da Vigilância Sanitária para que os produtos também possam ser vendidos em supermercados. “É burocrático por que precisa de todo aquele processo da Vigilância Sanitária. Ainda estamos na produção artesanal, mas começando a caminhar e vamos conseguir”.

A 14ª Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar no Mercosul prossegue até amanhã, em Brasília, com discussões sobre temas como aquisição pública de alimentos da agricultura familiar, reforma agrária e políticas de acesso à terra.

Reportagem de Yara Aquino, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 16/11/2010

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