EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Artigo

Ambiente por Inteiro: Passeio em Nagoya, artigo de Efraim Rodrigues

[EcoDebate] A décima Conferência das Partes sobre biodiversidade terminou sem perspectivas de grandes resultados.

No último sábado um aluno do MBA da UFPR sem querer me explicou a razão dos sucessivos fracassos destas reuniões internacionais.

Eu falava sobre sensoriamento remoto e ele me perguntou se havia algum controle internacional para lançamento de satélites. Com exceção da claudicante Organização Mundial do Comércio que tem alguma força, o que existe de controle internacional são estes bate papos descompromissados com nomes pomposos como o que inicia esta coluna. Satélites se chocam no espaço da maneira mais incompetente possível, assim como a política ambiental internacional.

As notícias que saem destas reuniões não são produzidas alí. Japão irá doar 2 bilhões de dólares para conservação em países subdesenvolvidos. Desmatamento na Amazônia é reduzido, O monitoramento do desmatamento brasileiro servirá para outros países. É uma modo dispendioso de divulgação.

A notícia que todos queremos ouvir;

Estados Unidos concorda em reduzir seu consumo de energia à média mundial, Japão não caçará mais baleias e Brasil não irá mais cortar árvores, não sairá destes encontros porque garotos brigões não fazem as pazes sem que um pai firme os force a fazer o que é melhor para eles próprios. Largados à sua própria sorte, eles se baterão até a morte. É o que estão fazendo.

A única vantagem destas reuniões é conhecermos o que ONGs e países mostram nesta grande vitrine. A Nature Conservancy em conjunto com a universidade de Cambridge, por exemplo, está divulgando um trabalho de revisão de mais de 400 trabalhos científicos sobre a relação entre redução da pobreza e biodiversidade, mostrando que agrofloresta, pesca dos excedentes das unidades de conservação e turismo são as modalidades com maiores benefícios para os moradores de áreas conservadas.

Outro estudo recente de Stuart Pimm da Universidade de Duke na revista Natureza e Conservação, mostra que talvez já conseguimos dar nome para a metade das espécies de plantas da Amazônia. Digo talvez porque como o número de espécies descritas está ainda em franco crescimento, não há como prever com precisão onde vá parar.

Seria uma idéia em um próximo estudo comparar a velocidade com que uma vasta área de floresta é capaz de criar espécies, com a velocidade que os taxonomistas dão nome às espécies. Talvez só consigamos descrever todas espécies da Amazônia quando acabarmos com ela.

Para nossa felicidade, a natureza continua a criar espécies independentemente de quanto café e querosene de aviação se consome em Nagoya, Kyoto, Copenhagen, Bali, Rio e tantas outras destinações turísticas.

Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br), articulista do EcoDebate, é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Também ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva

EcoDebate, 05/11/2010


Compartilhar

[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.

O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.

Fechado para comentários.