Na reciclagem de alumínio a coleta de latinhas rende apenas R$ 32 por mês a catadores
Coleta de latinhas rende R$ 32 por mês a catadores do país – A reciclagem de latas de alumínio injetou R$ 1,3 bilhão na economia nacional no ano passado. Para os catadores do material, entretanto, a coleta do produto rendeu, na média, R$ 382 durante todo o ano, ou seja, pouco menos que R$ 32 por mês.
Este valor não leva em consideração a coleta de outros materiais. Seu cálculo é baseado em um balanço divulgado hoje (28) pela Associação Brasileira de Alumínio (Abal) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas).
Segundo as duas entidades, dos R$ 1,3 bilhão gerados com a reciclagem das latinhas, R$ 382 milhões são referentes apenas à coleta do material. De acordo com o governo federal, existem cerca de 1 milhão de catadores de material reciclável no país. Portanto, o produto rendeu, na média, R$ 382 para cada um em 2009.
“É pouco mesmo”, confirmou Davi Amorim, um dos coordenadores do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), em entrevista à Agência Brasil. “Todo mundo quer coletar latinha hoje em dia. É difícil achar.”
A grande concorrência existe porque o alumínio é um dos materiais mais rentáveis na cadeia da reciclagem. O quilo é comprado por até R$ 3,10, contra os R$ 0,50 pagos, por exemplo, pelo quilo de plástico.
Devido ao alto preço, condomínios e empresas também separam e vendem as latinhas. Com isso, grande parte dos catadores recorre a outros materiais para compor sua renda mensal, que, na média nacional, varia entre R$ 140 a R$ 200 segundo a MNCR. “O que dá mais dinheiro hoje em dia é papelão, papelão ondulado e papel branco”, disse.
Segundo Amorim, os catadores esperam que a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em agosto, mude este quadro. Para ele, o trabalho dos catadores precisa ser reconhecido, e a PNRS pode ajudar neste processo. “A política prevê que os catadores sejam incluídos na coleta dos recicláveis, que passará obrigatória”, disse. “Queremos ser mais bem remunerados por este serviço. Hoje, prestamos de graça”, completou.
O diretor executivo da Abralatas, Renault de Freitas Castro, porém, não está tão otimista quanto ao futuro dos catadores. Para ele, a PNRS deve fortalecer o mercado da coleta, favorecendo mais as grandes empresas. “Grandes empresas terão mais acessos à sucata”, afirmou ele. “Os catadores devem perder espaço.”
Reportagem de Vinicius Konchinski, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 29/10/2010
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Nesse nosso mundo globalizado do CAPITAL, a latinha ainda vale mais que o trabalhador catador. Pronto, alguém já pode achar cruel a minha manifestação, mas não é não, vez que cruel é esse capitalismo selvagem que corrói a qualidade de vida. Por exemplo, aquele que cata a latinha subsiste por conta do subemprego e não consegue melhorar a qualidade de vida – mas é esse que possibilita a recuperação de um recurso natural não renovável. Dessa forma auxilia o meio ambiente, as indústrias que envasam seus produtos e tudo isso a custa de uma mão de obra barata. O Ministério do Meio Ambiente, o SEBRAE e o BNDES, bem que poderiam possibilitar a instalação de indústria de reciclagem (latinhas e outros) às cooperativas de catadores. Os cooperados (catadores) seriam os acionistas e, paralelamente, seriam os fornecedores, por exemplo, das latinhas às indústrias de envasamento. Eles, os catadores dariam um grande salto no que se refere ao desenvolvimento, ou seja, seriam catadores, mas também seriam empresários na linha das indústrias. Bem, mas nesse caso, necessariamente, teríamos que ter um governo preocupado em melhorar a qualidade de vida dos mais pobres. Assim, quem sabe, de repente….