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Envelhecimento da população vai exigir adequações no mercado de trabalho, aponta Ipea

A população brasileira pode estar “superenvelhecida” em algumas décadas, caso o nível de fecundidade, estimado em 1,8 filho por mulher, não aumente. Segundo um estudo divulgado ontem (13) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE), entre os anos de 1992 e 2009, a população idosa (com idade superior a 60 anos) pulou de 7,9% para 11,4% dos brasileiros. Por outro lado, a parcela dos brasileiros com menos de 15 anos caiu de 33,8% para 24% no mesmo período.

A expectativa, de acordo com os técnicos do Ipea, é que a partir de 2030 os únicos grupos populacionais que devam apresentar crescimento positivo sejam os com idade superior a 45 anos.

Para a coordenadora de População e Cidadania do instituto, Ana Amélia Camarano, o impacto dessa tendência na composição da população em idade ativa vai exigir adequações no mercado de trabalho. Ela acredita que, a exemplo do que vem ocorrendo em países como França e Japão, o Brasil pode adiar a idade mínima para a aposentadoria compulsória, hoje estabelecida em 70 anos, como forma de amenizar as pressões no sistema previdenciário. De acordo com o estudo, nas próximas décadas, os brasileiros com mais de 45 anos deverão responder por 56,3% da futura população em idade ativa.

“Vários países do mundo estão assumindo que o adiamento da idade mínima para se aposentar seja um dos caminhos para se resolver a questão do déficit previdenciário [em função do impacto do envelhecimento da população na força de trabalho]. É uma tendência geral e pode ser um caminho para o Brasil também. Não sei se será adotado aqui, mas é um caminho que está sendo discutido e adotado em vários países e é importante, não apenas para a questão fiscal, mas também para o indivíduo não sair do mercado de trabalho”, afirmou.

Ana Amélia destacou, ainda, que esse novo panorama vai exigir adaptações das empresas, que precisarão adotar medidas voltadas para a saúde ocupacional, além de adequar sua estrutura física para permitir a mobilidade dos funcionários, promover capacitação para que os trabalhadores acompanhem as inovações tecnológicas, e incentivar a redução dos preconceitos com relação ao trabalho dos idosos.

A coordenadora do Ipea também ressaltou a importância da vinculação do benefício social ao salário mínimo, prevista na Constituição Federal de 1988, na redução da pobreza entre os idosos, já que entre os anos de 1992 e 2009 o percentual de idosos pobres caiu tanto entre homens (de 24,7% para 12,3%) quanto entre mulheres (de 20,8% para 11,4%).

O levantamento aponta, no entanto, que a seguridade social representa a parcela mais importante da renda dos idosos. Os rendimentos vindos do trabalho também são expressivos, em especial entre os homens (32,6%). Para as mulheres, a contribuição foi de 11,9%.

Com a melhor situação dos idosos, o estudo aponta também o aumento na proporção dos que chefiam famílias – esta era a situação de 13,8 milhões de pessoas em 2009. Nesses lares, os chefes contribuíam com 54,8% da renda familiar.

Reportagem de Thais Leitão, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 14/10/2010

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