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Obesidade pode intensificar o risco de quedas de idosos

Idosos têm diminuição dos sistemas sensoriais ligados ao equilíbrio postural
Idosos têm diminuição dos sistemas sensoriais ligados ao equilíbrio postural

Pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mostra que o desequilíbrio postural, em função do sobrepeso e obesidade, pode ser uma das causas das quedas durante as atividades diárias dos idosos, uma vez que os obesos apresentam menor amplitude de movimento, isto é, eles são mais rígidos. O estudo aponta que para restabelecer o equilíbrio é exigido um maior torque, na articulação do tornozelo, devido ao acúmulo de gordura na região abdominal.

O educador físico José Ailton Oliveira Carneiro, ao aplicar o Teste Clínico Modificado de Integração Sensorial e Equilíbrio (mCTSIB), num grupo de 46 voluntárias saudáveis. As mulheres foram divididas em outros três grupos: 15 jovens eutróficas, ou seja, com peso considerado normal, com idade entre 18 e 35 anos; 15 idosas eutróficas e 15 idosas obesas, com idade entre 65 e 75 anos. Carneiro observou uma menor amplitude de oscilação postural nas idosas obesas, com maiores evidências em condições sensoriais reduzidas. Isto é, ao serem colocadas em plataforma de madeira (superfície estável) e, em seguida, sobre plataforma de espuma (superfície instável), as idosas obesas apresentaram uma postura mais rígida.

[Leia na íntegra]Elas foram submetidas a quatro condições sensoriais combinadas: visual — olhos abertos e fechados e da superfície de apoio — normal e orientação imprecisa. O objetivo do estudo foi avaliar a influência da idade e da gordura corporal no equilíbrio postural estático entre jovens e idosas, ambas com peso considerado normal, e idosas, consideradas obesas, usando um sistema tridimensional em diferentes condições sensoriais. Foram consideradas eutróficas as voluntárias que apresentaram o índice de massa corpórea (IMC) < 24,9kg/m2 e obesas, aquelas com IMC > 30kg/m2, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo Carneiro, alguns estudos na literatura já relataram que uma possível explicação para isso ter ocorrido é o fato de a pessoa obesa submetido a uma pequena oscilação para frente, ter uma maior exigência de torque na articulação do tornozelo para restabelecer o equilíbrio, devido ao acúmulo de gordura na região abdominal. “Por isso os idosos obesos possuem elevados riscos de quedas durante as atividades de vida diária, porque necessitam gerar rapidamente, e com mais força, o torque no tornozelo a fim de manter o centro de massa corporal dentro da base de suporte.”

Biomecânica
O excesso de peso, explica Carneiro, modifica a geometria do corpo, aumentando a massa dos diferentes segmentos e impõe limitações funcionais relacionadas com a biomecânica de atividades de vida diária. “Uma dessas limitações está relacionada ao controle de equilíbrio postural. Também há evidências sugerindo que o aumento da massa gorda do corpo diminui a estabilidade postural e aumenta as chances de queda, especialmente quando combinada com a baixa massa muscular.”

Ele diz, ainda, que com o processo de envelhecimento observa-se uma diminuição dos sistemas sensoriais responsáveis pelo equilíbrio postural, conhecido como déficit multissensorial, o que dificulta a manutenção do equilíbrio na população idosa. “Além de todas as alterações que ocorrem com o envelhecimento, o aumento da gordura corporal em idosos, associada à diminuição da massa muscular pode contribuir para piorar a instabilidade postural e, consequentemente, aumentar o risco de quedas.”

O pesquisador alerta sobre o perigo da obesidade no envelhecimento e afirma que a pratica de atividade física, cinco vezes por semana, durante 30 minutos, associada a uma alimentação adequada pode ser uma das alternativas para evitá-la.

A pesquisa Estudo do equilíbrio postural estático em jovens eutróficas, idosas eutróficas e idosas obesas usando um sistema eletromagnético tridimensional, mestrado do José Ailton Oliveira Carneiro, orientado pelo professor Eduardo Ferriolli, foi defendida em fevereiro deste ano, no Departamento de Clínica Médica/Divisão de Clínica Médica Geral e Geriatria da FMRP. O trabalho recebeu menção honrosa no VXII Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado nos dias 28 a 31 de agosto, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Reportagem de Rosemeire Soares Talamone, do Serviço de Comunicação Social da Coordenadoria do Campus de Ribeirão Preto/USP, publicada pelo EcoDebate, 06/10/2010

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