Cúpula da ONU termina com poucas decisões sobre Metas do Milênio
Em Nova York, cúpula da ONU encerra com “muita esperança”, mas poucas promessas de mudança em relação às Metas do Milênio. Secretário-geral Ban Ki-moon reafirma viabilidade dos objetivos, apesar do excesso de tarefas.
Durante a cerimônia de encerramento da cúpula da ONU, na última quarta-feira (22/09) em Nova York, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, salientou sobretudo o plano internacional de ação em prol da saúde das mulheres e crianças no mundo. A cooperação entre governos, organizações de ajuda humanitária e doadores particulares tem sido, segundo Ban Ki-moon, exemplar neste sentido.
Um total de 40 bilhões de dólares foi colocado à disposição dessa iniciativa, afirmou o secretário-geral da ONU, ao lembrar a série de promessas de melhorar as condições de vida de mulheres e crianças em diversas regiões do planeta. “Esses comprometimentos asseguram que há mais verbas à disposição para a saúde e que esses recursos serão usados de forma mais eficiente”, completou Ban Ki-moon.
[Leia na íntegra]ONGs: nem tão insatisfeitas
A iniciativa foi bem recebida pelas Organizações Não Governamentais (ONGs). Stefan Germann, da World Vision, por exemplo, afirmou que as camadas mais vulneráveis da sociedade podem ser auxiliadas através de medidas relativamente simples. Segundo ele, aproximadamente 40% das crianças carentes no mundo morrem em consequência de pneumonia e diarreia. A ONG cristã World Vision participa do atual projeto da ONU com um montante de 1,5 bilhão de dólares.
Germann aponta, contudo, um problema fundamental na questão: alguns dos recursos disponibilizados foram somente redistribuídos, o que faz com que, “em parte, não se trate de tanto dinheiro assim”. De qualquer forma, ele espera que na Conferência dos Doadores, a ser realizada em duas semanas e da mesma forma dirigida por Ban Ki-moon, surjam novas promessas de auxílio financeiro.
Confirmações de ajuda
O documento de conclusão da cúpula das Nações Unidas contém, no entanto, apenas afirmações de teor geral. Diante disso, Annika Söder, vice-diretora-geral do Departamento do Milênio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), reivindica “outras confirmações de mais ajuda por parte dos países ricos e de mais ações de combate à fome por parte das nações mais pobres. Além disso, espero que haja uma mudança nas diretrizes políticas globais, como por exemplo na política comercial e agrária”.
Obama quer mudar política norte-americana
O presidente norte-americano, Barack Obama, defendeu em discurso que, na próxima rodada de Doha, os EUA irão se empenhar em prol do estabelecimento de relações comerciais internacionais mais equilibradas, a fim de favorecer, no final, todos os países envolvidos.
Obama foi fortemente aplaudido quando conclamou, em seu discurso, os países-doadores a cumprirem seus compromissos. O presidente norte-americano defendeu ainda a implementação de uma nova política de desenvolvimento, cujo fio condutor seja “ajuda em prol da auto-ajuda”.
“Mudamos nossa concepção no que diz respeito à ajuda ao desenvolvimento. O auxílio direto ajuda a salvar vidas humanas, a curto prazo, mas não melhora o estado da sociedade a longo prazo”, afirmou Obama. Segundo ele, é preciso pensar nas milhões de pessoas que permanecem dependentes de ajuda para comprar alimentos ao longo de décadas.
Isso, de acordo com o presidente norte-americano, não pode ser chamado de ajuda ao desenvolvimento, mas sim de dependência, num ciclo vicioso que precisa ser interrompido. “Em vez de administrar a pobreza, temos que indicar às pessoas e às nações um caminho para sair dessa situação”, concluiu.
Boa atmosfera
Vários chefes de Estado e governo presentes em Nova York, entre estes a premiê alemã Angela Merkel, se pronunciaram em Nova York a respeito do assunto. O ministro alemão da Cooperação Econômica e Desenvolvimento, Dirk Niebel, mostrou-se satisfeito com a conferência. Segundo ele, a Alemanha conseguiu fazer com que se tornem realidade alguns pontos listados no documento final da cúpula, como por exemplo o crescimento sustentável e uma boa política governamental.
Para Niebel, é importante salientar o quanto a atmosfera de trabalho no encontro de cúpula realizado em Nova York foi mais positivo que o da Conferência do Clima, que aconteceu em Copenhague, “onde os presentes só trocaram acusações. Aqui tentou-se tirar lições a partir dos aspectos bem-sucedidos da questão, tentando transferir esse sucesso para outros setores onde ainda há necessidade de melhoria”.
A próxima conferência da ONU para avaliação das Metas do Milênio, a serem atingidas em 2015, deverá acontecer em três anos.
Autora: Christina Bergmann (sv)
Revisão: Carlos Albuquerque
Matéria da Agência Deutsche Welle, DW-WORLD.DE, publicada pelo EcoDebate, 24/09/2010
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