Coleta seletiva, artigo de Roberto Naime
Foto: Sala Verde UFRN
[EcoDebate] Muito se fala na importância de preservar o planeta, não desperdiçar matérias primas, ser racional no uso da água e da energia e muitas outras coisas.
Um dos primeiros passos concretos deveria ser a reciclagem da parte dos resíduos sólidos que pode e deve sofrer aproveitamento imediato, pois já dispõe de mercados instalados e tecnologias desenvolvidas. É o caso de latas de alumínio, papéis e papelão e diversos tipos de plásticos.
Mas para que a reciclagem ocorra de forma eficiente e humanizada, é necessária a implantação da segregação dos resíduos domésticos e a coleta seletiva. Porque neste caso os resíduos recicláveis vem num recipiente e facilitam as condições de saúde dos catadores e a eficácia e eficiência do processo. Os resíduos orgânicos são colocados em outro recipiente e podem ser destinados a compostagem ou extração de biogás (metano), para várias finalidades.
[Leia na íntegra]Não é eficiente, além de ser insalubre e desumano, expor os catadores, mesmo com EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), a exercerem suas atividades em resíduos secos misturados com resíduos orgânicos ou restos de alimentos.
Diminui muito a capacidade de separação, além das condições adversas que se cria para os catadores, que são pessoas sem qualificação, que encontram nestas atividades de separação de resíduos para reciclagem, uma oportunidade de geração de renda que não obtém de outro modo.
Os catadores são pessoas humildes e despreparadas para obter outras opções no mercado de trabalho. Mas sua função de gerar uma economia ambiental sustentável, com reciclagem, economia de matérias primas, água e energia, é tão importante, que em algumas localidades já são reconhecidos como agentes ambientais e não mais com a denominação pejorativa de catadores.
Organizar os catadores em cooperativas de forma que possam exercer sua ação de agentes ambientais em toda sua potencialidade e usufruir da sua capacidade de trabalho na geração de renda e oportunidades para a melhoria da qualidade de vida de suas comunidades e famílias é um objetivo que deveria contar com ações planejadas e relevantes tanto do governo estadual, quanto dos governos municipais.
Podemos dizer, que tanto quanto se conhece, não existem programas específicos sendo desenvolvidos. Ocorrem ações espontaneístas ou atividades de ONGs que conseguem obter bons resultados em cima de uma situação com grande potencial para a evolução, e que deve passar por uma forte ação institucional que retire o preconceito da atividade de catação.
Boa parte dos condomínios exerce ações de segregação na origem e coleta separada dos resíduos, muitas desta instituições doam ou até vendem os resíduos recicláveis para catadores ou recicladores. Portanto está mais do que no momento de institucionalizar estas ações, com a implantação de programas de educação ambiental e coleta seletiva pública nestes condomínios.
Este fato tornaria muito mais eficaz e eficiente a ação de separação nas esteiras ou galpões de triagem das cooperativas de catadores, aumentando a renda destas pessoas e trazendo ganhos intangíveis para a economia ambiental de matérias-primas, água e energia e caminhando em direção da tão propalada sustentabilidade.
Roberto Naime, colunista do Portal EcoDebate, é Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.
EcoDebate, 22/09/2010
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