Engenharia, Meio Ambiente e Desenvolvimento, artigo de Aroldo Cangussu
[EcoDebate] Com a elevação do PIB brasileiro beirando aos 7% no último ano, a reativação da economia e a explosão das obras de infraestrutura e industriais, apareceu um fenômeno que eu mesmo já havia previsto aqui há dois anos atrás: a falta de engenheiros no país. Está acontecendo um verdadeiro apagão de profissionais da engenharia para acompanhar o ritmo de crescimento do país.
Matéria do jornal Hoje em Dia, do dia 08 último, exprime com clareza essa problemática. O Brasil forma, por ano, cerca de 32 mil engenheiros, metade do que o país precisa. A China forma 600 mil e, mesmo assim, quase não dá conta da sua necessidade.
Na verdade, o curso de engenharia, em qualquer área, é muito exigente, é necessário uma boa base do ensino médio para dar conta das complexidades de cálculos, física e química que se cobra do aluno. Segundo o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada de São Paulo, quase metade dos estudantes de engenharia abandona o curso antes de concluí-lo.
Eu me lembro que nas décadas de 80 e 90, principalmente a partir do ano de 1981, a demanda de engenheiros caiu drasticamente e apenas 30% dos profissionais de engenharia trabalhavam, realmente, na área. A maior parte se bandeou para a área financeira, pois, aproveitando o início da hiperinflação brasileira, era lá onde havia emprego para técnicos que sabiam matemática. E, assim, a procura dos estudantes por cursos de engenharia diminuiu consideravelmente, refletindo-se na atual escassez.
Engenheiros da área de Civil, Mecânica, Metalúrgica, Minas e Eletroeletrônica estão sendo procurados “a laço” pelas empresas mineradoras, siderúrgicas, empreiteiras e construtoras que estão apresentando forte expansão neste ano. Além disso, as exigências da legislação ambiental fazem com que os profissionais se encaminhem também para essa área.
É importante lembrar que a fase desenvolvimentista que o país está atravessando no momento não pode deixar de lado as preocupações com a sustentabilidade, com a preservação do meio ambiente, com a recuperação de áreas degradadas e com a utilização dos recursos naturais, notadamente com a água, cada vez mais escassa e distante. Deveremos aproveitar a ocasião e implantar um modelo de desenvolvimento que leve em conta a finitude desses recursos e a própria capacidade do planeta de suportar tanto crescimento.
* Aroldo Cangussu, articulista do Portal EcoDebate, é engenheiro, ex-secretário municipal de meio ambiente de Janaúba e diretor da ARC EMPREENDIMENTOS AMBIENTAIS LTDA.
EcoDebate, 14/09/2010
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