Impactos ambientais gerais do agronegócio, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] O desenvolvimento sustentável da agropecuária, segundo VEIGA (1994), é aquele que garante a manutenção a longo prazo dos recursos naturais e da produtividade; mínimo de impacto adverso aos produtores; retorno adequado aos investimentos; otimização da produção com mínimo de insumos externos; satisfação das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais e satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda.
Com a evolução do agronegócio, as fazendas tornam-se mais especializadas separando as atividades de lavoura e criação do gado.
Houve a intensificação do uso de agroquímicos, fertilizantes e água, sem os devidos cuidados com rochas, solos, água superficiais ou subterrâneas. Os agroquímicos contaminando as águas subterrâneas ou rios podem prejudicar a fauna silvestre e ameaçam a sua qualidade para o consumo humano.
O uso descontrolado de nitratos e fosfatos como fertilizantes produz muita solubilização destes nutrientes na água. Resíduos orgânicos de estercos animais e efluentes de silagem, juntamente com os fertilizantes contribuem para o crescimento de algas nas superfícies das águas num fenômeno conhecido por eutrofização, provocando a diminuição da oxigenação das águas e a morte dos peixes.
A eutrofização é o enriquecimento da água por compostos nitrogenados e fosforados que compõe os fertilizantes usados na agricultura. Este enriquecimento da água possibilita o desenvolvimento de uma população de algas cianofíceas que após o término dos nutrientes morrem, e ao se decompor, consomem o oxigênio. Isto acaba provocando a falta de oxigênio para os peixes, que também morrem.
A eutrofização pode ocorrer por fatores naturais, como excrementos de pássaros e outros animais, mas nestes casos, as quantidades são menores e os equilíbrios dos ecossistemas são atingidos com melhor resiliência (capacidade do ecossistema de se recuperar sozinho, sem o auxílio do homem).
Em cidades americanas como Chicago, a eutrofização das águas causa enormes problemas para a captação de água que será tratada e distribuída para as populações humanas.
Outra dimensão da degradação ambiental são as devastações da cobertura florestal e o manejo inadequado, que levam à degradação da estrutura física dos solos e, em conseqüência, facilitam os processos da erosão, que também ocorrem por manejo inadequado das criações ou plantios.
A depredação do patrimônio genético tem implicações para as atividades econômicas. Além dos impactos relacionados com a redução da biodiversidade, compromete-se a identificação de espécies, para fins comestíveis, medicinais ou industriais. E se amplia as implicações com o aquecimento global.
A cada diz que passa, os produtores estão mais conscientes das barreiras ambientais de responsabilidade social que vão ter que enfrentar cada vez mais intensamente para colocação de seus produtos no mercado internacional.
Roberto Naime, colunista do Portal EcoDebate, é Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS.
EcoDebate, 08/09/2010
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É necessário dizer qual tipo de agropecuária o autor se refere: intensiva ou extensiva. Afirmaar que a agropecuária é o ecossistema antropizado que garante a manutenção a longo prazo dos recursos naturais e da produtividade se presta a conofusão. Não há ecossistema antropizado mais negativo do que a agropecuária intensiva. Alimenta-se com grãos bovinos com baixo rendimento na passagem de um nível trófico para outro (vegetal para animal). Um bovino transforma 10 quilos de cereal em 1 quilo de carne, apenas.
O TTT tem razão. É preciso discutir mais o dilema agricultura intensiva versus agricultura extensiva. Há, no momento,um encantammento de ambientalistas com a possibilidade de produzir cada vez mais em áreas cada vez menores, para privilegiar a preservação permanente de grandes áreas. Mas a agricultura intensiva não é nada santinha em relação ao meio ambiente. A ideia poética de agricultura que usa pouca área, usa pouco insumo, é diversificada etc.etc.etc., não tem mais condições de alimentar um mundo urbano, consumista ao extremo e em crescimento assustador. Gostaria que o autor nos desse os caminhos tecnológicos para atender seus anseios.