MMA divulga que mais da metade dos incêndios no país é em área privada
Foto: Ibama
O governo gasta R$ 30 milhões para combater o fogo dentro e fora das unidades de conservação. Agricultores e pecuaristas estão perdendo o controle das queimadas, que atingem parques e reservas biológicas comprometendo a biodiversidade
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, divulgou nesta terça-feira (31/8) dados que indicam que os incêndios no país estão concentrados no bioma Cerrado. Mais de 67% do total de focos localizados estão em áreas privadas e acontecem porque fazendeiros e índios usam o fogo como manejo e perdem o controle das queimadas provocadas. De acordo com o levantamento, 13% dos focos estão em áreas indígenas, 8% em assentamentos da reforma agrária e 7% em unidades de conservação.
O Ibama e o Instituto Chico Mendes fizeram, também, um levantamento das ações do governo no combate ao fogo. Foram consumidos R$ 30 milhões nas operações, que envolvem mais de cinco mil homens, oito aviões, sete helicópteros e pelo menos 90 viaturas, trabalhando em todos os turnos e em todas as 109 áreas críticas.
Foi anunciada, ainda, a liberação de mais R$ 20 milhões para dar continuidade às operações, que devem se estender até meados de setembro, quando as chuvas voltam à região. A ministra informou, ainda, que uma parte significativa de toda a estrutura montada pelo PrevFogo, do Ibama, e coordenada pelo Pronafogo, que envolve vários órgãos federais e estaduais, é gasta para apagar incêndios em propriedades privadas no entorno de unidades de conservação. Sem essa medida, o fogo avançaria sobre os parques e reservas ambientais comprometendo a biodiversidade protegida, esclarece.
Na entrevista coletiva, o MMA apresentou imagens de satélite que mostram o Parque Nacional das Emas sendo consumido pelo fogo, que começou em sua região de entorno. Os 10 km em volta do parque são ocupados pelo plantio da soja de onde teria partido a frente de fogo. Entre os dias 13 e 14 de agosto, o vento espalhou as chamas pelo parque em menos de 48 horas, apesar dos esforços dos brigadistas e das equipes do Ibama e ICMBio e só agora está sob controle. De acordo com ela, a perícia está apurando onde começou o incêndio e de quem é a responsabilidade pela destruição de mais 90% dos 132 mil hectares de área protegida do Centro-Oeste. O que sabemos e as imagens de satélite confirmam é que o fogo começou fora do parque. Há fortes suspeitas de que o incêndio tenha sido criminoso. Identificados os autores, eles podem pagar multas de até 50 milhões de reais e entre dois e quatro anos de prisão.
Os quase 260 mil focos de calor registrados pelos satélites utilizados pelo Inpe para o monitoramento não correspondem ao número de incêndios, que podem ser bem menor. Segundo Izabella esse não é o ano onde ocorreu a maior quantidade de queimadas. Em 2007 esse número foi maior, chegando a quase 38 mil contra os 12,5 mil registrados até agora. O levantamento final sobre a situação real só sairá em novembro. “Existem várias outras fontes de calor, e mesmo uma específica pode aparecer mais de uma vez no levantamento. Há limitações que são da tecnologia usada para monitorar”, explicou Izabella.
Os números envolvidos no combate ao fogo impressionam, mas, segundo a ministra, ainda são poucos para dar conta do número de queimadas que ocorrem em todo o País. “Há vinte anos não havia qualquer estrutura, hoje já temos equipes nos parques, brigadistas e uma estrutura de combate aos incêndios”, diz. No total, o Ibama emprega 1 mil e 300 brigadistas e o ICMBio 1 mil e 600, além dos 200 servidores das unidades de conservação.
Texto de Paulenir Constâncio, do MMA, publicado pelo EcoDebate, 01/09/2010
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Fiz algumas viagens pelo inerior de Minas Gerais, nos últimos dias, e fiquei impressionado com incêndios originados das estradas. Queimam propriedades rurais, mas vêm de vândalos, muitos urbanos, que passam, lançam fogo, voltam para suas casas e aumentam o coro dos que pedem punições para os homen do campo. Há muitos produtores, inclusive, que gastam fazendo aceiros ao longo das estradas. Tais incêndios deveriam ser cobrados do DNIT ou das concessionárias que admonistram rodovias.
E segundo dados do Imazon as queimadas e o desmatamento estão migrando de foco: a tendência é de aumento nas áreas de assentamentos do INCRA. Mais descontrole?