Pilantropia na Política, artigo de João Abner Guimarães Jr.
[EcoDebate] O ditado popular “fazer o bem e não olhar a quem” certamente não se aplica ao Brasil atual, principalmente no processo político eleitoral, onde impera a “pilantropia”, gíria brasileira aplicada à falsa filantropia, que caracteriza os atos de caridade com o intuito de se tirar algum tipo de proveito da situação de fragilidade dos pobres.
Eleições e caridade não deveriam se misturar. Cuidar dos pobres e excluídos sociais deveria ser uma das principais obrigações dos governos de países ricos como o Brasil, com tantas contradições. e, nesses casos, a exposição da pobreza deveria revoltar os cidadãos contra os governos incompetentes.
Vale destacar, o exemplo de milhares de pessoas que anonimamente dedicam suas vidas a servir a causa dos mais pobres no nosso País, mantendo hospitais, cheches, escolas e instituições culturais em todas regiões, dentro ou fora da estrutura do Estado, de iniciativa particular ou integrante de entidades beneficentes de assistência social, voltadas para promover gratuitamente e em caráter exclusivo a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial as crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiências.
Em qualquer situação, explorar a miséria humana deveriar ser criminalizado, principalmente em uma campanha eleitoral, como a atual, em que os candidatos oficiais expõem e exploram a imagem e coagem pessoas pobres benificarias de programas de assistência social governamentais.
Será que nesse caso não deveria, no mínimo, ser aplicada a Lei dos Crimes Eleitorais que proibe a propaganda que implique em oferecimento, promessa ou solicitação de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer natureza?
A Lei trata essa questão como corrupção eleitoral ativa e penaliza, com reclusão, o servidor público que se vale da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em determinado candidato ou partido.
Contrariando a lógica malandra da política de levar vantagem em tudo, entendo que nesse caso, independente de uma ação judicial mais efetiva, o eleitor deveria assumir um papel ativo de Juiz, punindo os candidatos que abusassem da boa fé e da miséria alheia, estimulando, dessa forma, a apresentação de propostas efetivas de desenvolvimento para o nosso País, que possam propiciar mecanismos permanentes de inclusão social, resgatando as pessoas da pobresa, colocando-as no mercado de trabalho em condições relativamente iguais as outras, ao contrário das políticas assistencialistas tipo bolsa família em constante expansão e sem critério de saída.
Passado oito anos de um governo bastante beneficiado pelo momento favorável que a economia do país vem atravessando, a propagação da importância atual dos programas assistencialistas depõe contra a própria eficiência dos governos, estadual e federal, indicado, antes de tudo, a falência das políticas sociais governamentais.
João Abner Guimarães Jr. é Prof. da UFRN
EcoDebate, 31/08/2010
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O prof. João Abner sempre muito pertinente em sua análise, neste momento de avaliação das realizações dos candidatos para decidirmos em quem votar.
Mais motivos para votar no continuísmo: este governo conseguiu, como nenhum antes dele, os seguintes recordes na área social:
No IDH, índice de desenvolvimento humano, o Brasil foi ultrapassado por 12 países desde a posse de Lula, enquanto nos governos anteriores o Brasil ultrapassou 14 países em 12 anos. Contrariando a propaganda oficial, o Brasil está perdendo terreno em relação ao resto do mundo.
Em desigualdade social (índice Gini), o Brasil agora subiu ao pódio pela primeira vez, conquistando o 3.o lugar, atrás apenas do Haiti (destruído pelo terremoto) e da Bolívia, campeã mundial em desigualdade sob o também “reeleito” companheiro Evo Morales, o líder cocaleiro bolivariano.
Desmatamento de 50% de toda a área de cerrado do país, de 2002 a 2009, e desrespeito a às leis ambientais nacionais e internacionais e direitos humanos na imposição dos projetos de transposição do rio São Francisco e da usina hidrelétrica de Belo Monte. A continuar nesse ritmo…