Agricultura Familiar e produção de alimentos, artigo de Antonio Silvio Hendges
[EcoDebate] Em julho/2006 foi sancionada a Lei 11.326/2006 que reconheceu a agricultura familiar como setor produtivo e garantiu a participação destes agricultores no planejamento, implementação e financiamento de políticas públicas para o setor agrícola. Antes desta data, algumas conquistas como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) já tinham sido estabelecidas, mas a agricultura familiar continuava sendo depreciativamente chamada de pequena agricultura ou agricultura de subsistência.
A Lei 11.326/2006 (Política Nacional da Agricultura Familiar) possibilitou a realização pela primeira vez na história do país de um censo agropecuário para quantificar o potencial econômico e social da agricultura familiar na produção de alimentos básicos, trabalho e renda, fixação das populações rurais, preservação ambiental e outros indicadores sobre as contribuições da agricultura familiar para a segurança alimentar e a geração de riquezas. O Censo agropecuário/2006 identificou 4,2 milhões de famílias brasileiras em que as principais atividades econômicas estão relacionadas com a produção agrícola familiar.
Mesmo cultivando áreas muito menores que as ocupadas pelo agronegócio, a agricultura familiar contribui com a maior parte da produção dos alimentos da cesta básica. Os dados do Censo Agropecuário/2006 registram que 87% da produção de mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 58% do leite, 59% dos suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e 21% do trigo têm origem nas pequenas propriedades de administração familiar. Mesmo a soja, tem 16% de sua produção nacional neste segmento. Na Região Sul (RS, SC, PR) os agricultores familiares são 80% dos produtores e ocupam apenas 30,6% das áreas de produção.
Apesar de ocupar uma área minoritária dos estabelecimentos agropecuários, a agricultura familiar tem um valor bruto maior da produção que a agricultura industrial. Isto significa que a agricultura e os empreendimentos rurais familiares são altamente viáveis para o país, sendo mais produtivos apesar de ocuparem menos terras, quebrando o preconceituoso e conservador conceito de que o agronegócio por ser maior e mais “moderno” produz mais.
Fonte: revista Semear – Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar da Região Sul – FETRAF SUL. Maio/2010.
Antonio Silvio Hendges, articulista do EcoDebate, é Professor de biologia e agente educacional no RS. E-mail: as.hendges{at}gmail.com
EcoDebate, 27/08/2010
[ O conteúdo do EcoDebate é “Copyleft”, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta clicar no LINK e preencher o formulário de inscrição. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Srs.
O Programa Agricultura Familiar, pode-se resumir em duas situações.
1-As familias que na realidade apresentam e têm aptidão e vocação para as lidas produtivas do setor, e que desta forma contribuem para o seu sustento familiar, para o fornecimento de excedentes ou não para a comunidade na qual estão inseridas e para uma comunidade além municipios.
2)As famílias que são simplesmente parasitas do MDA, que recebem suas cestas básicas, bolsa escola e tantas outras benesses que o atual governo as brinda.
Acredito que se 50% dos assentamentos da R.A. estivesse dentro dos padrões do que foi citado no item 1, nós estaríamos dentro das estatísticas de países onde a fome não existiria e a justiça social seria exemplar.
Parabéns pelo artigo.
Médico Veterinário Romão Miranda Vidal
Como o artigo afirma grande parte dos alimentos consumidos no Brasil veem da agricultura familiar. Este aspecto já justifica políticas públicas para o setor. Mas também é necessário destacar que o agricultor familiar dá uma conotação diferenciada a atividade agrícola, pois ele tem condições de cuidar dos recursos naturais, produzir alimentos e ter uma propriedade economicamente viável.
O que falta para o Brasil é um planejamento a longo prazo para a agricultura onde agricultores familiares possam adquirir terras para produzir levando sempre em conta a realidade local valorizando o saber empírico.
Herbert Fischborn, estudante em Desenvolvimento Rural – UFRGS