Imazon: Amazônia perde 49 mil km2 de áreas protegidas em um ano
A Amazônia perdeu pelo menos 49 mil quilômetros quadrados (km2) de áreas protegidas por causa da extinção e redução de unidades de conservação (UCs) e terras indígenas entre 2008 e 2009. A área equivale aos estados de Alagoas e Sergipe juntos. Os números são de levantamento da organização não governamental (ONG) do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgado ontem (23).
Entre novembro de 2008 e novembro de 2009, a ONG identificou e avaliou 37 tentativas formais de alteração de 48 áreas protegidas na Amazônia. Entre as medidas, estavam projetos legislativos sugerindo redução ou extinção das reservas, ações judiciais, decretos, portarias e propostas de zoneamento econômico-ecológico.
Até julho de 2010, segundo o Imazon, 93% das iniciativas que foram concluídas resultaram na perda de 49.506 km² de áreas protegidas. Na grande maioria dos casos, a supressão se deu em áreas estaduais. O relatório do Imazon cita, por exemplo, a redução de UCs para implantação de projetos de infraestrutura – estradas e pequenas centrais hidrelétricas – em Rondônia e Mato Grosso.
A redução de unidades de conservação de responsabilidade federal também entrou na conta. Um dos casos é a Floresta Nacional de Roraima, reduzida por decreto legislativo. O outro é o da Floresta Nacional do Bom Futuro, em Rondônia, próxima às usinas do Rio Madeira. Após um impasse para liberação de uma licença estadual para a obra da Usina de Jirau, um acordo entre o Ministério do Meio Ambiente e o governo do estado resultou na cessão de parte da Floresta Nacional (Flona) para a regularização de um assentamento.
Além dos quase 50 mil km² que perderam status de áreas protegidas, mais 86,5 mil km² correm o mesmo risco, segundo o Imazon. As áreas são alvos de 13 projetos legislativos e ações judiciais ainda em tramitação.
Os pesquisadores sugerem o fortalecimento da fiscalização, a consolidação das áreas protegidas e mais rigor na análise das propostas de alteração de UCs como medidas para evitar novas supressões ou reduções de reservas.
Reportagem de Luana Lourenço, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 24/08/2010
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Qual a informação correta na matéria? 490.000 ha do título é igual a 4.900 km2 e não a 49 mil km2 do texto.
Resposta do EcoDebate: A sua observação é absolutamente correta. O erro ocorreu na grafia do título. O correto é 49 mil quilômetros quadrados (km2). O título já foi corrigido.
Agradecemos a ajuda e o alerta do leitor Jean Scharlau.
Henrique Cortez
coordenador editorial
Um único exemplo é característico para se analisar as causas dessa concentração e dos desmandos que levaram o Brasil à condição inédita de terceiro país mais desigual do mundo (atrás apenas do Haiti e da Bolívia), basta verificarmos que em 2004 – governo Lula – o chinês Lu Weiguang “comprou” 100 mil hectares de terras da União em território indígena no MT, e desde aquele ano é o “legítimo” proprietário -intocado pelo governo federal: FUNAI, INCRA, IBAMA, FFAA,Ministérios – dessa imensa parcela do nosso país.
É assustador, pois o segundo maior desmatamento da história, segundo matéria de Cristina Amorim de outubro de 2007, teria sido o ano de 2004, com 27.379 km2 de desmatamento na Amazônia.
Portanto, além dos recordes em retrocessos institucionais (corrupção, aparelhamento do Estado e impunidade), atraso nos índices sociais (IDH, perdendo 12 posições desde 2003), desigualdade social (índice Gini, o terceiro pior do mundo na última avaliação), o governo que se reelege até antes das eleições está batendo mais um recorde histórico e provavelmente mundial: o desmatamento como nunca antes neste país.