‘Florestas plantadas’ sequestram menos carbono que florestas naturais
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Plantações de sequestram menos carbono que as florestas naturais, de acordo com um novo estudo [Ecosystem Carbon Stock Influenced by Plantation Practice: Implications for Planting Forests as a Measure of Climate Change Mitigation] publicado recentemente na revista científica de acesso aberto PLoS ONE.
Sintetizando 86 estudos experimentais entre as plantações e os seus homólogos da floresta natural, pesquisadores da University of Oklahoma e da Fudan University, em Xangai, concluíram que a plantações de árvores podem reduzir substancialmente o estoque de carbono nos ecossistemas, em comparação com florestas naturais.
Eles descobriram que o estoque total de carbono do ecossistema de plantas e solos foi de 28% menor nas plantações. Enquanto não se sabe exatamente porque, as plantações de árvores para seqüestrar carbono devem ser avaliadas com mais rigor.
As florestas naturais tiveram maior produção primária líquida, maior taxa de respiração do solo, melhor absorção de água e de nutrientes do solo.
Este estudo desafia a ideia de que a plantação de espécies de crescimento rápido, de origem exótica ou nativa melhorada, em áreas historicamente florestais teriam rendimentos maiores em termos de taxas de acúmulo de carbono.
A partir das conclusões do estudo, os pesquisadores argumentam contra a substituição das florestas naturais por reflorestamento comercial, também conhecido como ‘florestas plantadas, como compensação de emissões de CO2, visando ajudar a conter as mudanças climáticas.
Estes resultados têm implicações importantes para estratégias globais para reduzir as mudanças climáticas através do aumento do sequestro vegetal de carbono. Programas internacionais estão sendo desenvolvidos com este objetivo, inclusive propondo recompensar os países para o estabelecimento de plantações para neutralizar/compensar as emissões de CO2.
No entanto, como esses resultados do estudo indicam, a substituição das florestas naturais por plantações resultariam na redução do sequestro de carbono. Além disso, estabelecer plantações em terras agrícolas pode ter um impacto menor sobre o sequestro de carbono do que a restauração de florestas naturais.
Naturalmente, as plantações plantadas podem oferecem produtos florestais para a sociedade e os benefícios também precisam ser levados em consideração. Mas, em termos de sequestro de CO2, não substituem a florestas naturais.
O estudo “Ecosystem Carbon Stock Influenced by Plantation Practice: Implications for Planting Forests as a Measure of Climate Change Mitigation” está disponível para acesso integral, no formato HTML. Para acessar o estudo clique aqui.
Para maiores informações, transcrevemos, abaixo o abstract.
Liao, C., Luo, Y., Fang, C., & Li, B. (2010). Ecosystem Carbon Stock Influenced by Plantation Practice: Implications for Planting Forests as a Measure of Climate Change Mitigation PLoS ONE, 5 (5) DOI: 10.1371/journal.pone.0010867
Abstract
Uncertainties remain in the potential of forest plantations to sequestrate carbon (C). We synthesized 86 experimental studies with paired-site design, using a meta-analysis approach, to quantify the differences in ecosystem C pools between plantations and their corresponding adjacent primary and secondary forests (natural forests). Totaled ecosystem C stock in plant and soil pools was 284 Mg C ha?1 in natural forests and decreased by 28% in plantations. In comparison with natural forests, plantations decreased aboveground net primary production, litterfall, and rate of soil respiration by 11, 34, and 32%, respectively. Fine root biomass, soil C concentration, and soil microbial C concentration decreased respectively by 66, 32, and 29% in plantations relative to natural forests. Soil available N, P and K concentrations were lower by 22, 20 and 26%, respectively, in plantations than in natural forests. The general pattern of decreased ecosystem C pools did not change between two different groups in relation to various factors: stand age (<25 years vs. ?25 years), stand types (broadleaved vs. coniferous and deciduous vs. evergreen), tree species origin (native vs. exotic) of plantations, land-use history (afforestation vs. reforestation) and site preparation for plantations (unburnt vs. burnt), and study regions (tropic vs. temperate). The pattern also held true across geographic regions. Our findings argued against the replacement of natural forests by the plantations as a measure of climate change mitigation.
Citation: Liao C, Luo Y, Fang C, Li B (2010) Ecosystem Carbon Stock Influenced by Plantation Practice: Implications for Planting Forests as a Measure of Climate Change Mitigation. PLoS ONE 5(5): e10867. doi:10.1371/journal.pone.0010867
Editor: Andy Hector, University of Zurich, Switzerland
Received: March 22, 2010; Accepted: May 3, 2010; Published: May 27, 2010
Copyright: © 2010 Liao et al. This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited.
Funding: This work was supported by the National Basic Research Program of China (grant no. 2006CB403305). The funders had no role in study design, data collection and analysis, decision to publish, or preparation of the manuscript.
Competing interests: The authors have declared that no competing interests exist.
* E-mail: 031023079{at}fudan.edu.cn
Por Henrique Cortez, do EcoDebate, 23/08/2010, com informações de Rob Goldstein e Angela Startz, University of Oklahoma
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