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Impactos culturais do turismo, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] Os principais elementos culturais que motivam as pessoas a visitar determinadas regiões, são as belezas naturais que motivam a viagem e logo a seguir, o artesanato local. Sobre isto cabe uma observação, os turistas diferenciam muito bem artesanato local de bugigangas de São Paulo ou do Paraguai e valorizam uma coisa e repelem a outra. Os atrativos prosseguem com o idioma falado, as tradições, a gastronomia, as artes, a música, a história regional, a arquitetura, as manifestações religiosas e outros itens menos relevantes.

Assim é muito importante que o turismo seja controlado para não oferecer riscos ambientais e principalmente comprometer a autenticidade e espontaneidade da cultura local. Mas muitas vezes é o turismo que faz a revelação da cultura, fazendo renascer aspectos que estavam no esquecimento ou em extinção.


Na dimensão cultural, a valorização do artesanato local talvez seja o principal impacto positivo. E para que isto ocorra satisfatoriamente, temos que separar o verdadeiro artesanato das bugigangas comerciais.

A valorização da herança cultural também é muito importante. Normalmente vem associada com a valorização e preservação do patrimônio artístico, histórico e cultural da localidade ou região. Também são relevantes as manifestações de orgulho étnico que valorizam e trazem grande auto-estima para as populações locais.

Entre os impactos culturais desfavoráveis destaca-se principalmente a descaracterização do artesanato. Conforme já ressaltado, este fator pode comprometer a autenticidade e credibilidade do artesanato local, impedindo e desacreditando seu desenvolvimento. Este fenômeno pode se ampliar e a partir dos objetos vulgarizar também as manifestações culturais tradicionais.

Neste sentido é muito importante a manutenção do equilíbrio, para que não ocorram manifestações de arrogância cultural, onde as tradições e costumes que interessam e motivam os turistas, sejam mantidos afastados, distantes ou protegidos de contato direto ou pessoal.

A destruição do patrimônio histórico pode ser considerado o último impacto negativo relevante. Igrejas e prédios antigos, bem como construções antigas, de arquitetura suscetível à depredações, devem ter todos os seus principais aspectos analisados e sua visitação deve ser estudada e planejada.

O acesso maciço de turistas pode comprometer as estruturas de bens históricos consideráveis, pela circulação excessiva de pessoas e veículos e pelas ações depredatórias.

Na área ambiental também ocorre o mesmo e o objetivo desta análise é demonstrar que o turismo tem um potencial e uma importância muito grandes, deverá ser uma das principais fontes de renda no futuro, mas exige planejamento para que todas as suscetibilidades sejam corretamente avaliadas e planejadas.

A área ambiental sempre é muito sensível, mas procuramos demonstrar que várias dimensões podem ser agredidas e o conceito de meio ambiente engloba todas as variáveis relevantes dos meios físico, biológico e antrópico, exigindo cuidados e ações em todos os campos.

Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, é colunista do EcoDebate.

EcoDebate, 05/08/2010

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