Gerador desenvolvido no Brasil produz energia elétrica e torna a água do mar potável
Apesar de já terem acesso a alguns tipos de combustíveis limpos, como o gás natural e o etanol, diversas localidades no nordeste ainda padecem da falta de energia elétrica e de água potável. Uma tecnologia desenvolvida pela Vale Soluções e Energia (VSE) promete solucionar esses dois problemas sociais por meio de um gerador que produz energia elétrica suficiente para abastecer mais de mil casas e transforma qualquer tipo de água, como a do mar e de açudes, em água potável.
Denominada “central de poligeração de energia”, a tecnologia integra o principal projeto da empresa, chamado “Combcycle”, que visa criar centrais de produção de energia movidas a turbinas de gás à vapor com diversas aplicações. “Estamos fazendo, pela primeira vez no mundo, o casamento entre uma técnica de geração de energia com uma planta de processo químico que pode gerar água doce a partir da água salgada em uma única unidade”, disse o presidente da VSE, James Pessoa, na conferência que proferiu na manhã de ontem (28/07), durante a 62ª Reunião Anual da SBPC – evento que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência realiza até 30 de julho no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal (RN).
Prevista para começar a ser comercializada no final de 2011 e para ser entregue em 2012, a central pode gerar até 50 Kw de energia elétrica de forma distribuída – ou seja, no próprio local, sem a necessidade de linhas de distribuição – e 40 mil litros de água potável. Para isso, basta ser abastecida por qualquer forma de combustível que gere calor, como gás natural, etanol e biodiesel, e qualquer tipo de água, a exemplo da salobra e a de rios e manguezais.
A máquina tem seis metros de cumprimento e possui um sistema de telemetria que possibilita que ela possa ser operada ao ar livre e remotamente por satélite, o que possibilita ver as condições de abastecimento, monitorar, fazer a manutenção e operar diversas unidades a partir de uma única unidade de operação. “Elas podem ser transportadas e instaladas de uma forma muito fácil e têm muito potencial de utilização no nordeste brasileiro e na África”, conta Pessoa.
Aplicações – Outras aplicações da tecnologia é no tratamento de esgoto e efluentes industriais e na dessalinização da água do mar que, juntamente com os aquíferos salgados, concentra 97% do total da água disponível no planeta. Com a mini central de geração de energia, segundo Pessoa, é possível dessanilizar 50 mil litros de água potável por hora. “Ela representa um mecanismo efetivo para transformar a água do mar em água potável”, assegura.
Já no campo industrial, a tecnologia pode ser utilizada por companhias petrolíferas para aumentar a taxa de recuperação de petróleo em jazidas que apresentam produção decrescente. Segundo os especialistas na área, do total de óleo e gás encontrados nos poços de petróleo, as indústrias petrolíferas não conseguem extrair mais de 40% do volume por falta de tecnologias. E quanto mais pesado for o petróleo, como o encontrado no nordeste, principalmente em campos terrestres, mais difícil é sua recuperação.
Ao injetar continuamente vapor a 600º em um campo de exploração de petróleo, segundo Pessoa, a tecnologia permite que a temperatura média do campo aumente gradativamente e diminua a viscosidade do petróleo, possibilitando que ele seja extraído mais facilmente. “Essa tecnologia tem um enorme potencial de utilização pela Petrobras, que já está testando-a em uma mina de xisto – outra possível aplicação”, afirma.
Informe da 62ª Reunião Anual da SBPC, publicado pelo EcoDebate, 29/07/2010
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