Em debate: As ‘palmadinhas’, artigo de Anchieta Mendes
[EcoDebate] Está tudo mudado, só que para pior. Se o leitor (ou leitora) me afirmar e comprovar que o mundo, a vida do cidadão, a inter-convivência das pessoas e dos grupos, a segurança, o ensino, a religião, a alimentação, a economia, o transporte, o lazer, enfim, se alguém me provar que tudo melhorou na vida do homem atual dar-me-ei por vencido. Vamos lá.
A convivência familiar, a vizinhança, a solidariedade entre as pessoas melhorou, diante de tanto “progresso”?
As relações sociais da comunidade, da família, dos clubes, da Igreja, da Escola, melhorou, diante do deslumbramento das novas descobertas?
A disciplina na família, na escola, no trabalho, no clube, na rua, na Igreja, melhorou? As mais tradicionais culturas, os mais antigos costumes e hábitos que foram extirpados da convivência humana. por uma sociedade cruel, melhorou a vida dos seus atores?
A Pedagogia moderna, a Metodologia do Ensino, a Psicologia, a Psicanálise, a fartura da Comunicação, a Televisão, a Internet, melhoraram a conduta dos jovens que são escravizados por toda essa parafernália?.
A saída da mãe do lar, coagida por uma infernal pressão econômica, a luta da mãe de família para buscar e chegar a um emprego trouxe algo de importante para o seu papel de MÃE? Melhorou o destino da humanidade?
O afrouxamento das leis, as leis editadas por demagogia, que nunca serão cumpridas, os novos modelos de política pública social, têm trazido concretos avanços ao bem estar dos cidadãos e cidadãs?
Toda essa lengalenga não deve indicar que eu seja contra o progresso, a evolução do conhecimento, a cultura, as mudanças que têm acontecido.
E o cerne do problema está aí, nesse progresso estúpido, nessa evolução encantadora e, ao mesmo tempo, entristecedora; o ponto crucial de tudo o que se possa imaginar está localizado bem ao gosto dos que admiram, ajudam, executam, criam e expandem os mais expressivos inventos da humanidade e que se deixam dominar pela vaidade e o orgulho. Sabe por quê? O progresso das ciências materiais e da arte, da Cultura material, como um todo, está infinitamente além do progresso das ciências humanas, da Filosofia, da Ética, do Direito, da Psicologia e da Sociologia.
A educação moral, o civismo, a religião, a ética, os ensinamentos e a prática do que é espiritual, tudo isso tem sido menosprezado, infelizmente, pela nova cultura do Ter, da riqueza material.
E vem aí a proibição da “Palmadinha”. Os pais, quem quer que seja, jamais poderão usar esse milenar recurso pedagógico familiar. É um tema, aliás, que merece análise profunda, inclusive ouvindo-se a opinião dos pais, das autoridades e da opinião pública.
A lei nunca permitiu o castigo excessivo, o uso de qualquer instrumento que possa maltratar a criança, seja de ordem física ou moral/psicológica.
Editada essa lei acontecerá, certamente, um verdadeiro caos na sua aplicação, seja pela dificuldade de comprovação do ato ilegal, seja, principalmente, por possíveis acusações de natureza meramente, pessoal, vingativas, como as de ex-cônjuges e dos próprios filhos. Pode causar, ainda, uma perigosa prática de agressão à privacidade da família e do cidadão.
A opinião de estudiosos de todo o Brasil, psicólogos e pedagogos, divide-se a favor e contra o uso da palmadinha que, como indica o próprio nome no diminutivo, é um gesto moderado, sem representar nenhuma agressão, nenhuma grosseria, operando o milagre de fazer com que a criança comece a sentir que a disciplina e a autoridade são necessárias ao seu futuro.
No meu modesto e nordestino entender, sem ser lá muito conservador, creio que a secular “palmadinha” faz parte de uma cultura tradicional que nunca fez mal a ninguém. Muito pelo contrario!…
Quem concorda?
Anchieta Mendes, Magistrado (aposentado), Professor da Universidade Federal do Piauí (aposentado) Jornalista, escritor – Membro de Academias de Letras e outras instituiçoes literárias do Piauí e do Brasil
EcoDebate, 22/07/2010
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Excelente o artigo!!! A Bíblia já diz: ” Ensina a criança no Caminho em que deve andar e ainda quando for velho não se desviará dele”. Concordo e reitero que abusos na disciplina precisam e devem ser rigorosamente rechaçados por todos os meios legais possíveis. E acrescento que se a boa disciplina não se iniciar no contexto familiar, ela se dará posteriormente nas escolas, ruas e através da força policial. Então, melhor que seja devidamente aplicada por quem deve, em primeiríssima mão, apontar o correto proceder para uma vida em sociedade, ou seja, os próprios pais e/ou responsáveis legais.Além disso, a criação de mais uma lei nesse presente caso, pra mim, é pura demagogia de grupos supostamente ligados a Direitos Humanos. As leis que já dispomos são completamente suficientes para coibir abusos. Necessitam apenas ser bem aplicadas em tempo hábil. Silas G. Xavier
Lua D. Cezimbra nos mostra que é possível educar uma criança sem violência.”De Lua, Olha a chinelada?!?: http://bit.ly/d9v7jy
Grato,
ABC (Abraço e Beijo do Cezimbra), Cidadão Planetário, membro do Conselho Mundial de Cidadania Planetária
“QUANDO SE LEVANTA A MÃO PARA BATER EM OUTREM, SIGNIFICA QUE ACABARAM AS IDÉIAS”!
Acho que essa expressão “palmadinha” é levianamente utilizada para minimizar cotidianas e covardíssimas agressões de toda sorte, carregadas de emoções primitivas e descontrole, usualmente provocadas por sentimentos de vingança, raiva e frustração de adultos incompletos.
Bastaria lembrar a espressão facial de indignação e muitas vêzes de frustração e ódio incontidos no “reflexo-reação” impensada de quem bate numa criança que o contrariou.
Não me venham com essa de palmadinha dando a entender que haveria alguma calma, tranquilidade e parcimônia neste castigo. Na verdade quem bate geralmente usa sua maior força possível, rosto afogueado e palavras furiosas !
Não me venham com essa de palmadinha… é tudo pura violencia !