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Artigo

Biotecnologia, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] A biotecnologia é o uso de técnicas que permitem para a humanidade a utilização de organismos para obter produtos de interesse agronômico, medicinal, comercial, etc. Desde há muito tempo, o homem utiliza certos organismos, como fungos (fermentadores na fabricação de pães e vinhos) e bactérias (utilizadas na produção de iogurtes e queijos).

Todo o melhoramento de raças ou linhagens de gado, grãos, frutos ou verduras são produtos desta ciência. O melhoramento genético por meio da escolha e do cruzamento de variedades com as características que são desejadas dos indivíduos, dentro de populações gerais, é uma das principais técnicas empregadas no aperfeiçoamento de produtos na biotecnologia.


Com as novas técnicas de cultura de tecidos em vegetais e a engenharia genética propiciada pela técnica do DNA (ácido desoxirribonucléico), a biotecnologia deu um salto inimaginável. Mas ela sempre existiu nas suas formas mais simples e prosaicas, portanto não pode ser demonizada nos tempos atuais, como se tivesse nascido depois do computador.

A troca de genes entre indivíduos de espécies diferentes propicia a formação de qualquer tipo de organismo, com as mais variadas características. E aqui entra o sentido da expressão biodiversidade. Não se podem perder espécies, porque significa perder genes que poderiam trazer enormes benefícios para a humanidade, embora biodiversidade não deva ser vista como um banco genético sujeito a intervenções mercantilistas.

Alguns poderiam argumentar que esta técnica pode ser mal empregada. Mas isto é um problema para a antropologia social, discutir a natureza do homem, e no Brasil sabemos muito bem que é a impunidade que alimenta a máquina das transgressões éticas.

A fixação do homem a um mesmo espaço físico (homem gregário) se iniciou aproximadamente 8.000 AC. Em aproximadamente 1.800 AC começa o uso de levedura para produção de vinho, cerveja e pão. Este é o marco da utilização de biotecnologia para criar novos e diferentes alimentos.

A partir de experimentos realizados com ervilhas no jardim de um monastério, em 1865, botânicos austríacos e o monge Gregor Mendel, concluem que partículas invisíveis são capazes de transmitir características entre as gerações.

No começo do século passado, começa o melhoramento genético de plantas em elementos sexualmente compatíveis. Em 1922 ocorrem os primeiros plantios de milho híbrido. Estes desenvolvimentos foram responsáveis pelo aumento de 600% da produção americana de milho entre 1930 e 1985.

O DNA foi descoberto em 1953 por James Watson e Francis Crick (que ganhou o Nobel em 1962), permitindo aos cientistas entender como as informações genéticas são armazenadas nas células, duplicadas e transmitidas entre as gerações.

O primeiro produto da biotecnologia que foi amplamente utilizado foi a insulina para tratamento de diabetes a partir de 1982. Em 1986, a Monsanto desenvolveu a soja transgênica. Entre 1986 e 1996, foram realizados mais de 3.500 experimentos, em 15.000 locais diferentes de 34 países.

A República Popular da China foi o primeiro país a comercializar plantas transgênicas no início da década de 90, no século passado, com a introdução do fumo resistente a vírus, e logo após do tomate resistente a vírus. Em 1994 a empresa Calgene obteve a primeira aprovação para comercializar nos Estados Unidos um alimento geneticamente modificado, o tomate Flayr Sayr, que apresente amadurecimento retardado (também conhecido como longa vida).

Em 1998 a soja transgênica representava 52% da área global de OGMs, seguida pelo milho resistente a insetos com 24%, a canola tolerante a herbicidas (9%), o algodão resistente a insetos e tolerante a herbicidas (9%) e o milho tolerante a herbicidas (6%).

Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, é colunista do EcoDebate.

EcoDebate, 13/07/2010

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