Desastre ambiental no Golfo do México: Vazamento de petróleo na Flórida pode custar 195 mil empregos e quase US$ 11 bilhões
Foto de Charlie Riedel/Associated Press/NYT
A gravidade da devastação do vazamento de petróleo no Golfo na Flórida está começando a assumir forma “assustadora” na perda prevista de 195.000 empregos e quase US$ 11 bilhões (em torno de R$ 20 bilhões) em receita.
E apesar da previsão considerar apenas os condados da costa do Golfo, o autor disse que toda a Flórida vai sofrer a ira do petróleo, desde pescadores de Pensacola até parques temáticos em Orlando e hotéis de luxo em Palm Beach. O estudo, de um economista da Universidade da Flórida Central (UFC), foi divulgado na terça-feira (08/6).
“Se você não conhece a Flórida, não importa aonde você pensava em ir, para você tudo será como Pensacola”, disse Sean Snaith, diretor do Instituto de Competitividade econômica da UCF, que chamou os possíveis efeitos do vazamento de aterrorizantes. “Quando vejo o óleo na Flórida, os pelicanos cobertos, elimino o Estado por inteiro.” Kimberly Miller, em West Palm Beach (EUA), para o Cox News Service.
Na terça-feira (08), o Departamento de Proteção Ambiental da Flórida informou que petróleo do vazamento da Deepwater Horizon tinha aparecido até no condado de Okaloosa –entre os condados de Santa Rosa e Walton- na forma de bolas de piche.
Ventos para noroeste devem fazer avançar lentamente o óleo ao longo do Panhandle pelas próximas 72 horas.
As agências de classificação de títulos estão entre os que estão observando o progresso do vazamento. Uma delas diz que a Flórida, que já estava debilitada com a crise imobiliária, está mais vulnerável aos efeitos do petróleo do que outros Estados do Golfo pela sua baixa arrecadação de imposto de renda e forte dependência da indústria de turismo de vários bilhões de dólares.
Um estudo de maio dos Serviços de Investidores da Moody, diz que a Flórida, que tem a maior costa e um “eco-sistema extremamente frágil”, está enfrentando significativo risco econômico.
As compensações da BP –parte responsável pela limpeza do vazamento- por reservas canceladas e perdas na pesca, junto com atividades de limpeza de fato podem beneficiar os impostos locais por um tempo, segundo o estudo.
“Contudo, o cenário de mais longo prazo pode ser muito mais negativo.”
Mark Vitner, economista do Wells Fargo, concorda. Até poucas semanas atrás, analistas estavam encarando os efeitos da explosão de 20 de abril na plataforma e o vazamento incontrolável como um problema de curto prazo.
Contudo, as falhas na contenção do vazamento e os modelos que mostram que eventualmente o petróleo pode dar a volta nos Estreitos da Flórida pela corrente do Loop e dirigir-se para a corrente do Golfo fizeram os economistas repensarem a magnitude do desastre.
“As pessoas estão começando a pensar que isto não é apenas uma tragédia incrível que pode ter um impacto econômico e sim algo que terá um impacto significativo, duradouro e de longo prazo”, disse Vitner na terça-feira.
Um programa de financiamentos estaduais foi ativado na segunda-feira na Flórida que permite que pequenas empresas do Golfo financiem até US$ 25.000 para compensar as perdas provocadas pelo vazamento.
O governador Charlie Crist também pediu US$ 200 milhões da BP, que é a parte responsável pela limpeza, para propaganda na televisão para atrair turistas.
“Sabemos que o turismo foi impactado adversamente no Panhandle, com algumas pessoas indo para a costa do Atlântico, mas evitando a Flórida”, disse Vitner. Ele concordou com as previsões do economista Snaith e previu a perda de 250.000 vagas nas áreas manchadas até agora pelo vazamento.
O cenário de Snaith prevê que 23 condados da costa do Golfo perderiam 50% dos empregos em turismo e lazer. Se isso acontecer, ele estima que 195.000 empregos serão eliminados e US$ 10,9 bilhões, perdidos.
Se os condados da costa do Golfo perdessem apenas 10% de seus empregos em turismo e lazer, os gastos estimados seriam de 39.000 empregos e US$ 2,2 bilhões.
Snaith disse que está se sentindo “covarde” demais agora para considerar o impacto em condados como Palm Beach, Broward e Miami-Dade se o petróleo alcançar essas regiões.
“O orçamento estadual já está em péssima situação e agora perdermos mais receita de impostos sobre venda e imóveis”, disse Snaith. “Mesmo que nenhuma gota de petróleo não chegue a Palm Beach, haverá o estigma.”
Jorge Pequera, presidente e diretor executivo do Escritório de Turismo e Convenções do Condado de Palm Beach, disse que o site do grupo é atualizado a cada dois dias com um relatório das praias. Não há planos de fazer propaganda especial para ressaltar a costa ainda limpa do condado.
“Somos uma equipe no Estado da Flórida”, disse Pesquera. “Não pretendemos criar mensagens especiais que tenham impacto negativo em nossos colegas do Estado.”
Tradução: Deborah Weinberg
Reportagem do Cox News Service, no UOL Notícias.
EcoDebate, 11/06/2010
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