Estresse: Quando a normalidade passa a entendiar, artigo de Américo Canhoto
Dr. Américo Canhoto
[EcoDebate] Como uma droga, o estresse vicia…
Não agüento mais! Preciso tirar umas férias!
Na fase de perda do pique ou de depressão orgânica do estresse; todo mundo almeja ir para um lugar e descansar, relaxar. No entanto, logo depois de algumas horas ou de poucos dias longe do corre – corre, o sujeito passa a se entediar e, não vê a hora de voltar ao batente e matar dez leões ao dia; isso, quando consegue realmente se desligar durante o repouso. Abandonar os obsessores eletrônicos: celular e Internet, é um martírio. O estilo de vida atual também suga nossa vitalidade; você sai de férias e continua trabalhando á distância via celular ou Internet – parte pela falta de sensibilidade de algumas chefias nas empresas; parte pela insegurança de alguém na sua ausência desempenhar melhor do que você e tomar seu lugar.
Não vejo a hora de voltar á velha rotina! Daí vem a pergunta: – será que estou viciado em situações que levam ao estresse?
Podemos dizer que sim; pois, na primeira fase (alarme), os hormônios liberados durante a reação de estresse, criam uma situação de aumento de criatividade e de resolução de situações fora dos antigos padrões; e, a pessoa, sem perceber, passa a buscar mais adrenalina e outros hormônios liberados nessas situações; até em momentos de lazer: esportes radicais ou perigosos, entretenimentos com elevado teor de clima de suspense, terror, etc.
Cuidado:
Férias podem dar crise de abstinência: Baixou o nível de adrenalina soa o alarme.
Se fosse apenas isso, estava bom!
A lei da inércia que não obedecemos nem no trânsito; também pode dar cabo de nós. A chance de morte súbita; peripaque ou doença física aumenta demais nas paradas: dormir; finais de semana; feriados – e no começo das férias. Já atendi muitos pacientes que costumam dizer: Dr. Acho que fizeram macumba prá mim – é só eu sair de férias que adoeço! – Com certeza este mundo está ficando muito doido; daqui a pouco vai ter gente arrumando a profissão de personal trainer para você sair de férias em segurança.
Férias engordam?
Esse é o fim da picada; pois, em algumas situações; a vida mansa e a saída da rotina não se acompanham da diminuição da ansiedade; e então: dá-lhe comida.
Mas depois, perder esses 3 ou 4 kilinhos a mais, no mínimo, vai dar um estresse danado.
A que ponto nós chegamos: Se nós sobrevivemos ás férias; depois alguns dias de nos adaptarmos á vida mansa (quase no fim); retornar ao trabalho pode dar deprê ou pânico; pior, se tudo estiver correndo bem por lá; e você descobrir que é facilmente substituível; daí: saí das férias e vou para a terapia.
Além do perigo de entrarmos rapidamente na última fase do estresse crônico; que é a fase de esgotamento e até na de pé na cova; nas férias ou no retorno dela; ainda há o risco de se criar dependência química nas fases de depressão energética e física no pós-estresse.
Podemos criar o hábito do doping com ou sem receita.
Quando precisamos de nos dopar com estimulantes para levar um simples e corriqueiro cotidiano; o futuro é bastante sombrio.
E como não temos botão de liga e desliga; de manhã só pegamos no tranco com a cafeína e colegas – e á noite para dormir só com droga sonífera será preciso entrar num programa de reabilitação para dependentes químicos.
Entrar em qualquer situação desse tipo que vicia é muito fácil; sair é complicado – principalmente devido a dois fatores: falta de vontade e débil honestidade de propósitos.
Me engano porque eu gosto: Mentimos para nós mesmos; e para os outros; quando dizemos não ser capazes de sair de uma determinada situação viciosa em estresse – na verdade, adoramos a sensação da adrenalina e do medo; daí, desejamos continuar nela e mentimos, tornando a vida complicada em razão da culpa e da própria mentira que gera mais adrenalina…
Mais fácil, eficiente e simples seria admitirmos que ainda não desejo largar o vício da adrenalina a mil; e que aceito assumir as conseqüências; sem desculpas, revolta, nem chororo.
Eliminar a necessidade de vivenciar as sensações do estresse crônico exige discernimento, boa vontade e capacidade de executar. De fato, não é para qualquer um não…
Muito breve algum visionário vai ganhar dinheiro criando um programa de reabilitação para dependentes de altas taxas de adrenalina.
Parece brincadeira; mas, é sério – ficar entediado da vida normal é uma coisa; porém quando começamos a ficar entediados da vida com adrenalina a mil – estamos de partida numa viagem radical para o outro lado da vida. Será que lá tem adrenalina a mil?
Ema, ema, ema, cada um com seus probrema…
Mas, por favor, preservem as crianças não as viciem em adrenalina a mil.
O amigo anda entediado; quase deprê? Pede ajuda pro teu Pai João. Inventa novos motivos prá viver – zin fio!
Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Uso a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.
* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 25/05/2010
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