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Jornada de Agroecologia: Agricultura familiar defende políticas mais agressivas para o setor

Aqui tem agricultura familiar
Selo: Agricultura Familiar

Participantes da 9ª Jornada de Agroecologia afirmam que, embora o setor responda por 70% da produção de alimentos no país e de considerável excedente que é exportado, o governo tem se voltado mais para o agronegócio.

A 9ª Jornada de Agroecologia, que reuniu nos últimos quatro dias 3 mil participantes brasileiros, de países da América Latina e do Haiti, no sudoeste do Paraná, termina no dia 22/5, com a divulgação de uma carta com as principais reivindicações dos camponeses para um novo modelo de agricultura.

Nas 44 oficinas e três seminários realizados no evento, o debate foi intenso sobre agroecologia, práticas sustentáveis para o campo, crítica ao uso de agrotóxicos e ao modelo das transnacionais.


José Maria Tardin, da coordenação da jornada, adiantou que no documento que será divulgado à tarde, e posteriormente enviado às autoridades federais, estaduais e municipais, os agricultores familiares vão reafirmar o que o último censo agropecuário já demonstrou: que quem produz, quem garante o alimento de qualidade na mesa da população são os agricultores familiares.

“São responsáveis por 70% de toda a produção dos brasileiros e de um considerável excedente que é exportado, fator importante na alimentação de povos de outras partes do mundo e para a balança comercial”.

A carta vai chamar a atenção das autoridades para esse segmento que coloca a agroecologia como agenda prioritária na construção ecológica da agricultura e na regeneração da biodiversidade. Os agricultores reclamam da falta de políticas mais agressivas para a agricultura familiar camponesa.

“Ainda não fomos capazes de sensibilizar as autoridade para uma participação mais efetiva desses trabalhadores nos programas governamentais. Acontece o inverso, o governo tem se voltado muito para a expansão do agronegócio, do monocultivo que avança pelos cerrados, pela Floresta Amazônica, que invade terras indígenas, camponesas e quilombolas”, reclamou Tardin.

A presença significativa de lideranças jovens nos movimentos sociais, que representam quase a metade dos participantes da jornada agroecológica foi destacada por praticamente todas as lideranças mais antigas dos movimentos sociais.

O líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse que ultimamente os movimentos têm trabalhado para a permanência do jovem no campo.

“Ninguem sonha em trabalhar carpindo roça. Então, estamos dando a eles educação, num sistema de alternância para que o vínculo com a comunidade seja fortalecido. Nas escolas rurais, o educando fica em aula três meses e depois mais três na comunidade aplicando seus conhecimentos”, argumentou.

Segundo Stédile, o que tem mudado a realidade da época em que o jovem saia de casa para estudar na cidade, e não voltava, é também a possiblidade de renda que ele tem no município através das cooperativas agroindustruais.

O jovem Isaque Ramas, do MST, diz que sua “galera” forma hoje uma nova sociedade dentro do movimento. “Somos jovens diferentes, temos bandeira de luta, e isso nos afasta dos vícios, das drogas. É difícil um jovem margilinalizado – dentro de uma movimento social, ele têm objetivo de vida.”

Ele diz que os valores de família são muito fortes. Ramas diz que é poeta. E arrisca um trecho de um de seus versos: “Durante uma lida camponesa, muita coisa acontece. Trabalhando com veneno, muita gente sertaneja com certeza já morreu.”

Os jovens Levi de Souza, de 23 anos, do MST, e Jadir Bonacino, de 25, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirmarm, porém, que não podem ser considerados o futuro do Brasil e explicam: “nossa luta é hoje, a gente está fazendo acontecer”.

Reportagem de Lúcia Nórcio, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 24/05/2010

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