‘Neurose’ cardíaca, artigo de Américo Canhoto
[EcoDebate] Somos uma construção milenar; levamos milhares de anos sincronizando os sistemas que nos compõem como unidade: mente, instintos, emoções, corpo físico, corpo astral… – de forma geral nossa parte somática funcionava no piloto automático sob o comando do SNC (sistema nervoso central) numa relativamente equilibrada relação entre ações voluntárias e involuntárias ou automáticas.
Isso, foi antes!
O sistema de vida atual nos fez desarticular alguns algumas funções já automatizadas; daí vamos precisar “reaprender” a: dormir; respirar, comer, evacuar…; até nosso coração vai precisar reaprender a bater de forma correta no antigo ritmo sinusal: tum-tá-tum-tá sem zirigidum nem breque – um dos problemas da modernidade é que o coração aprendeu novos ritmos e até batidões e nesse quesito a natureza é conservadora – nada de mudanças bruscas.
No antigo ritmo de vida nossos batimentos cardíacos oscilavam entre 60 e 100 batimentos por minuto – exceto quando alguém fazia nosso coração bater mais forte naquelas paixões súbitas ou nos casos de esporádicos sustos – nosso coração disparava e logo voltava a bater feliz e contente. Como todos os músculos de nosso corpo os do coração precisam de estímulo; no caso, uma espécie de “corrente elétrica” gerada numa estrutura denominada nó sinusal que é uma espécie de marca passo fisiológico; essa corrente é distribuída ás fibras do músculo cardíaco através de feixes de células especializadas como se fossem fios condutores.
Em condições antes especiais e nem sempre definidas alguém atravessava o ritmo e bagunçava o sistema; seja enviando freqüências mais rápidas ou mais lentas – ou os estímulos vinham de outros lugares que não o nó sinusal. A esse distúrbio dá-se o nome de arritmia cardíaca; que podem ocorrer em concomitância ou não com outras doenças cardíacas.
Se a freqüência está alterada para mais dá-se o nome de taquicardia; se para menos de bradicardia. Quanto ao local de origem as arritmias podem ser classificadas como: atriais; juncionais; ventriculares.
Causas:
No conjunto das várias etiologias interessa-nos neste bate papo abordar as relacionadas aos hábitos: tabaco; estimulantes como cafeína; teína (chá); estresse crônico; vida sedentária.
Sintomas:
A maioria é assintomática – mas, pessoas mais sensíveis sentem a popular batedeira ou uma falha no ritmo – com ou sem mal estar; ás vezes podem ocorrer desmaios dependendo do momento e da duração da anomalia no ritmo.
Diagnóstico:
É feito sob acompanhamento especializado.
Tratamento:
Caso não haja lesão; apenas disfunção transitória, o processo é reversível apenas com a mudança de hábitos de dieta e da instituição de atividades físicas – se houver necessidade é preciso fazer uso de medicamentos.
Nosso assunto é a NEUROSE CARDÍACA.
Vivemos num tipo de cultura onde a doença tem um valor agregado muito superior ao estado de sanidade – e como o coração foi eleito o órgão da vida e da morte. Numa situação de arritmia com sintomas e mal estar, ás vezes associado a uma queda de pressão arterial e até de glicemia; o peripake é inevitável; e adeus qualidade de vida; pois do primeiro episódio em diante, muitas pessoas desenvolvem um tipo de neurose relacionada a tudo que envolve coração e pressão arterial; caso a situação e as sensações se repitam; o processo deriva para a síndrome do pânico; que é a mistura de ansiedade e temor de sentir novamente o processo tornando o distúrbio crônico.
Se o indivíduo não “sentisse o coração” o processo seria mais brando; pois não prestaria atenção a ele – é notório que, onde colocamos o foco de nossa atenção é que as coisas acontecem.
Não há correlação direta entre S-P e arritmia – há muitos casos de síndrome do pânico sem que haja arritimia; basta apenas a sensação ou o desmaio gerado pela junção de uma hipoglicemia e de uma queda brusca de pressão arterial para que a encrenca se forme.
Aumenta de forma acelerada o número de pacientes de todas as idades vítimas desse processo; que até algum tempo tinha como vítimas preferenciais adultos jovens e bem sucedidos; os top line adrenérgicos (produtores de adrenalina em larga escala) – ao contrário dos colinérgicos (acetil-colina) que tendem a ir para depressão.
Um dos principais fatores desse aumento de casos sem dúvida está ligada ao estresse crônico que tem como base o descontrole da ansiedade e do medo.
Hoje vamos falar sobre ansiedade mórbida!
Ansiedade mórbida é imaginação
É uma fantasia ameaçadora sobre o futuro, nela misturam-se e convivem o medo e a pressa. Como reação à ansiedade a mente produz um tipo de excitação orgânica que gera uma produção maior de mediadores químicos da reação natural ao estresse, como adrenalina, cortisol, vasopresina.
Se não houver diálogo nem comunicação entre o corpo físico e o corpo mental/emocional, o organismo vai se preparar para reagir a um acontecimento que nem sempre faz parte da realidade.
A luta contra uma ilusão ou um fruto da imaginação, é capaz de produzir: diarréia, suor excessivo, aceleração dos batimentos cardíacos, palpitações, sensação de calor ou calafrios, maratonas de exames, internações hospitalares, agressividade, depressão doentia, angustia existencial, pânico, enfim: a morte-em-vida.
Se o desafio a ser superado é real, a energia liberada pode ajudá-lo em determinada atividade ou colaborar para resolver a experiência em andamento.
Se o desafio é virtual, não há nada que possa ser feito e toda energia será descarregada nas reações orgânicas; gerando os sintomas da ansiedade mórbida ou uma crise de pânico.
A mesma situação pode ocorrer quando o desafio é concreto, mas, existe recusa em enfrentá-lo como uma experiência a ser dominada; e pior, é quando, o indivíduo soma expectativas catastróficas e previsões de acontecimentos ou desdobramentos futuros.
Não ser capaz de separar a realidade da imaginação pode ser uma catástrofe em nossa vida; portanto não custa nada iniciar logo um treinamento para nos capacitarmos a identificar fantasias, ilusões e expectativas – e, integrar essa capacidade ao circuito da comunicação interna entre os vários corpos.
Intensifiquemos e usemos o recurso do diálogo íntimo para não correr riscos inúteis. Pois nem sempre, após ter identificado uma situação causadora de mal estar ou angustia como sendo uma fantasia, nós estaremos capacitados a interromper o processo – e a cada dia fica mais claro que entrar nesses sorrateiros distúrbios é fácil; mas, sair deles é complicado, lento e custa caro – além disso, os efeitos colaterais dos medicamentos em cascata nos alertam que esse não é o caminho ideal; apenas serve para nos auxiliar a sair do processo – Difícil é a aceitar essa verdade durante a doença; daí, a providência mais inteligente é evitar.
Dica de exercício.
Tanto para prevenir como no auxílio á cura definitiva:
Para conseguir quebrar o circuito ansiedade – medo – sintomas; um recurso simples, é fixar-se no corpo físico. Feche os olhos; respire fundo e focalize sua consciência na sua respiração; no seu corpo; com isso, o contato com a ameaça é rompido; e você recupera o contato com a realidade em andamento. Repita o processo até que consiga serenar-se e voltar á realidade.
Não se desgaste; nem perca tempo e energia com censuras às manifestações provocadas pela ansiedade gerada pela fantasia. E não se preocupe em tentar esconder dos outros os sintomas, evite preocupar-se sobre o que vão pensar de você; pois com isso, ficará constrangido e aumentará as secreções orgânicas e o mal estar.
Uma dica da metafísica: nessas situações reavalie sua afetividade – esses distúrbios costumam acometer mais as pessoas com disfunções no chakra cardíaco.
Quanto e de que tipo é a energia amorosa que está trocando com os outros e com a vida de maneira geral?
Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Uso a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.
* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 28/04/2010
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