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Expo Xangai 2010: Cidade melhor, vida melhor, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

[EcoDebate] A população urbana mundial ultrapassou a população rural em 2008. Nas próximas décadas quase todo o crescimento da população mundial ocorrerá no meio urbano. Isto é um problema ou uma oportunidade?

Na verdade a urbanização pode e deve ser uma força para a melhoria do bem-estar da população. O demógrafo George Martine defende a idéia de que a concentração urbana traz mais ganhos do que a disperção horizontal das cidades (Urban sprawl) ou a dispersão rural. Ele organizou para o Fundo de População da ONU (UNFPA), o relatório sobre a Situação da População Mundial: “Desencadeando o Potencial do Crescimento Urbano”, de 2007. Martine chama a atenção para a inevitabilidade do crescimento urbano e a potencialidade da contribuição das cidades para o combate à pobreza e a solução dos problemas ambientais. A transição urbana é uma realidade irreversível. Portanto, o saudosismo de “uma casa no campo” não combina com a necessidade de se procurar soluções para melhorar a vida nas cidades.

Pensando no inevitável e crescente processo de urbanização, a China está organizando, na cidade de Xangai, no período de 1º de maio a 31 de outubro de 2010, uma grande feira dedicada a busca de soluções urbanas, denominada Expo Xangai,. Com o tema “Cidade melhor, vida melhor” (Better City, Better Life), a Expo Xangai 2010 vai tratar de visões das cidades no futuro, nos seguintes sub-temas:

  • Tecnologia da informação e desenvolvimento urbano;
  • Patrimônio cultural e regeneração urbana;
  • Ciência e inovação tecnológica e futuro urbano;
  • Responsabilidades urbanas e mudanças ambientais;
  • Transformações econômicas e relações urbano-rural;
  • Cidade da harmonia e vida sustentável.

Com 191 países inscritos e 48 organizações internacionais, os organizadores prevêem um fluxo de 70 milhões de visitantes no período de 6 meses. Com orçamento de cerca de 60 bilhões de dólares, quase o dobro do que foi gasto com os Jogos Olímpicos de Pequim, a Expo Xangai pretende ter “uma enorme influência sobre a humanidade” disse, sem modéstia, Wen Jiabao, Primeiro-ministro da China.

A Expo Xangai, pretende ser o equivalente, para o século XXI, da Exposição de Londres em 1851. A Grande Exposição de Londres foi o momento em que a Grã-Bretanha mostrou o seu poder, no auge da Revolução Industrial. A China espera que a Expo Xangai seja a sua hora de brilhar. Acredita-se se está iniciando uma mudança no equilíbrio de poder entre o Ocidente eo Oriente e que isto pode ser vislumbrados no Bund, à margem do rio Huangpu, no centro de Xangai, e na Expo Xangai, onde se poderá constatar o dinamismo da cidade e do país.

Nos 184 dias da exposição, os participantes vão debater a civilização urbana em toda a sua extensão, o intercâmbio de suas experiências de desenvolvimento urbano, difundir noções avançadas sobre as cidades e explorar novas abordagens para o habitat humano, além do estilo de vida e condições de trabalho no século XXI. Os chineses pretendem mostrar a possibilidade de criar uma sociedade amiga da ecologia (eco-friendly) no processo de desenvolvimento sustentável.

Segundo os organizadores, a Expo Xangai 2010 será um centro de inovação e interação: “Inovação é a alma, enquanto a interação cultural é uma missão importante do Mundo de Exposições”. Antes da conclusão da Exposição, será emitida a “Declaração de Xangai”, que pretende ser um marco na história das exposições mundiais, resumindo as idéias a serem oferecidos aos participantes e incorporar as idéias das pessoas para a futura cooperação e desenvolvimento.

Lembrando o lema do governo JK, a Expo Xangai se prepara para “Levar em conta o desenvolvimento dos próximos 60 anos, enquanto se prepara para a Exposição de seis meses”. A Expo Xangai acontece dois meses depois do quinto Fórum Urbano Mundial, da ONU, que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, de 22 a 26 de março de 2010 e que teve como tema: “O Direito à Cidade: Unindo o Urbano Dividido”.

Sem dúvida, os desafios das cidades são os desafios da maioria da população mundial. Espera-se que a Expo Xangai aponte soluções para: a) garantir fontes renováveis de energia nas cidades; b) reaproveitar os resíduos urbanos de maneira ecologicamente correta; c) resolver os problemas do transporte urbano e a redução de emissão de carbono; d) utilizar alimentos orgânicos; e) reduzir o consumo de água; f) respeitar a flora, a fauna e a biodiversidade; g) uma arquitetura inteligente e poupadora de energia e integradora da cultura; h) boa qualidade de vida para todos os habitantes das cidades.

Referências:
MARTINE, George. Relatório sobre a Situação da População Mundial: Desencadeando o Potencial do Crescimento Urbano, New York, UNFPA, 2007. Disponível em:
http://www.unfpa.org.br/pcp_publicacoes.htm
World Expo 2010 Shanghai China. Disponível em: http://en.expo2010.cn/

José Eustáquio Diniz Alves, articulista do EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE. E-mail: jed_alves{at}yahoo.com.br

EcoDebate, 16/04/2010

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