Agricultura Urbana: Guia da Horta Doméstica
GUIA DA HORTA DOMÉSTICA
Patrícia Botelho Garcia (a)Regiane Rodrigues (a)
Prof. Wilson Maluf (b)
- Alunas do 8º período de Agronomia / UFLA
- Professor Titular do Departamento de Agricultura / UFLA
A produção de hortaliças em casa é fácil, basta ter espaço no quintal, ou até mesmo caixotes e vasos, para moradores de grandes cidades, algumas ferramentas e boa vontade.
Ao planejar uma horta devemos ter os conhecimentos de alguns passos importantes:
a. Área – é necessário um terreno de 6 a 10 m2 para satisfazer as necessidades de verduras e legumes de uma pessoa (sem contar os passadouros), água perto e suficiente, alguma insolação (sabendo que hortaliças folhosas: salsa, cebolinha, coentro e alface toleram sombreamento, já as raízes: cenoura e nabo, bulbos: alho e cebola e frutas: tomate, vagem e quiabo exigem um bom nível de insolação), abrigo de vento, solo agricultável (bem drenado) e ser cercado. Exemplo de instalação de um canteiro:
b. Adubação – o uso de adubo orgânico deve ser de 20-30 litros por m2.
No segundo cultivo, a dosagem poderá ser reduzida pela metade. A partir do terceiro, já poderá ser possível, em princípio, conservar a produtividade mantendo a permanente cobertura com palha ou composto de cobertura. A necessidade de material para cobertura será de 0,3 a 7 cm por 10 m2 de canteiro.
c. Irrigação – como regra geral podemos admitir que as hortaliças folhosas devem receber irrigação abundante, porém não exagerada e as raízes suportam e até se beneficiam de baixos níveis de irrigação.
O período de irrigação deve ser pela manhã e à tarde. Se necessário usar microaspersores.
d. Cultivo – deve começar pela verificação se as sementes das hortaliças estão adequadas à época do ano para o plantio e se estão dentro do prazo de validade. Escolher espécies e variedades que crescem de maneira vigorosa, sem necessitarem de defensivos; que tenham ciclo cultural curto, permitindo um maior número de colheitas; que tenham porte relativamente pequeno e apresentem resistência às pestes em geral. Promover um esquema de rotação de sistema de produção, utilizando espécies diferentes das anteriores, visando quebrar a continuidade de infestação por pragas e doenças.
e. Hortaliças que não podem faltar:
- Agrião-da-terra – indispensável por seu valor alimentar e medicinal, passa despercebida na maioria das vezes.
- Alface – apesar de ser pobre em fibras, associa-se muito bem a diversas hortaliças.
- Alho – apesar de ser de ciclo longo, possui notável efeito repelente, associa-se a diferentes espécies e mostra importantes propriedades medicinais.
- Beterraba – compõe com o alho e a alface uma associação bastante eficiente.
- Brócolis – substitui com vantagens a couve-flor (é mais rico em vitamina A)
- Cenoura – muito rica em vitamina A, não poderá faltar em nenhuma horta caseira.
- Cheiro-verde – é o famoso trio cebolinha, coentro e salsa. São intensamente consumidos e se aclimatam bem em todos os quadrantes do país.
- Chuchu – só poderá estar presente na horta caseira se puder ser conduzido sobre muros, cercas ou árvores.
- Chicória – menos preferida por ser um pouco mais fibrosa, o que é uma vantagem do ponto de vista nutricional.
- Couve – combina bem com outras espécies, desde que plantada esparsamente para evitar o eventual sombreamento indesejável das espécies as quais estiver associada.
- Couve-flor: é uma das hortaliças mais ricas do ponto de vista nutricional.
- Cará-moela – extraordinário valor alimentar e elevada produção, precisa ser reabilitado nas nossas hortas. Deve ser plantado próximo de árvores, muros e cercas.
- Feijão-vagem – na horta caseira sempre deverá haver um canteiro espaldeirado com feijão-vagem
- Mostarda – folhosa de sabor picante.
- Nabo – excepcionais propriedades alimentares e medicinais. Rico em sais minerais e vitaminas. Comido cru ou cozido, tem enorme efeito auxiliar para cura da hiperacidez estomacal e do sangue, descalcificação, anemia e excesso de colesterol. Sendo diurético, ajuda a eliminar cálculos renais e da vesícula.
- Pimentão – rico em vitaminas A e C. Quatro ou cinco plantas são suficientes para cada família.
- Quiabo – é uma das “preferências nacionais”. Muito rústico e produtivo no período quente, no inverno é constantemente atacado pelo míldio. Quando podado, rebrota no verão seguinte.
- Rabanete – possibilita em 30 dias acabar com a carência de sais minerais e vitaminas quando associada a algumas hortaliças como: cebolinha, couve, beterraba, etc. Além disso possui princípio antibiótico que protege o intestino das bactérias nocivas, sem afetar as benéficas.
- Rúcula – igualmente ao rabanete, possui grande precocidade e valor alimentar.
- Tomate – é uma das hortaliças mais populares, e consumida em maiores quantidades; é contudo, bastante susceptível a pragas e doenças.
f. Hortaliças facultativas:
Sempre que o espaço permitir, poderá ser considerado o cultivo de:
- Aboboreira – de grande valor alimentar, fornece-nos frutos e brotos.
- Agrião-d’água – é depurativo, antianêmico e espectorante, necessita de que o solo seja mantido bem úmido.
- Batata-doce – produz raízes relativamente pobres em vitaminas e sais minerais.
- Berinjela – é tida como diurética e desacidificante do sangue e constitui-se ótimo dentifrício e anti-séptico bucal que auxilia na cura da piorréia.
- Cará – do ponto de vista alimentar, é tão valioso como é o inhame.
- Cebola – muito importante pelo elevado valor medicinal.
- Espinafre – apesar da fama de excelente fortificante, possui alto teor de ácido onálico, o que torna conveniente seu consumo moderado, não mais que uma vez por semana. Ele poderá provocar a formação de onalato de cálcio, causando cálculos renais e bursite, principalmente no organismo das pessoas que comem muita carne.
- Inhame – muito rico em amido, proteínas e vitaminas. Poderoso depurativo do sangue.
- Pepino – é considerado excelente diurético. Pode-se tentar o consórcio com o feijão-vagem, pois ambos necessitam de espaldeiramento.
- Maxixe – justifica-se seu cultivo por ser extremamente rústico.
- Mandioca – a raiz praticamente só contém amido, é mais seguro considerar as preferências regionais dos agricultores tradicionais.
- Repolho – na medicina natural, chega a ser considerado uma erva medicinal, tal a sua utilidade em cataplasma na cura de abscessos, nevralgias, erisipelas, etc. É ainda alcalinizante e antianêmico pelo alto teor de sais minerais e vitaminas.
- Taioba – muito saborosa e rústica, mas com alto conteúdo de ácido oxálico. Seu consumo requer os mesmos cuidados que para o espinafre.
g. Colheita – O reconhecimento do ponto de colheita é feita pela idade da planta, pelo desenvolvimento das folhas, hastes, frutos, raízes ou outras partes que serão consumidas, ou pelo secamento e amarelecimento das folhas.
De modo geral, as hortaliças folhosas e de hastes são colhidas quando estão tenras, as de flores quando os botões estão fechados, as de frutos quando as sementes não estão totalmente formadas e as raízes e bulbos quando estão completamente desenvolvidas.
Procure sempre saber o valor nutritivo dos alimentos e faça sempre uma alimentação bem balanceada. Seja vivo com a sua saúde. Condições adequadas para se preservar a saúde do ser humano devem existir em todos os lugares.
BIBLIOGRAFIA
MAKISHIMA, NOZOMU. Coleção Plantar, 4. Brasília: EMBRAPA-CNPH. 1993. 110p
FRANCISCO NETO, João. Manual de horticultura ecológica: Guia de auto-suficiência em pequenos espaços. São Paulo: Nobel, 1995.
Fonte: Boletim Técnico de Hortaliças No 54, Universidade Federal de Lavras.
EcoDebate, 10/03/2010
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