A exposição de ratas grávidas ao Bisfenol-A(BPA) indica que a contaminação pode afetar a saúde da prole do sexo feminino
Efeitos do BPA no organismo. Imagem: Environmental Working Group
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Pesquisadores da Universidade de Yale mostram como o bisfenol-A(BPA) induz alterações epigenéticas em ratas grávidas, que causam desequilíbrio hormonal na fase aduulta da progênie fêmea. Ao longo dos últimos anos crescem as evidências dos riscos à saúde decorrentes da exposição ao bisfenol-A(BPA), já associado a desordens reprodutivas, desordens hormonais, obesidade, problemas no desenvolvimento cerebral, câncer de mama e próstata.
Uma nova pesquisa [Bisphenol-A exposure in utero leads to epigenetic alterations in the developmental programming of uterine estrogen response], publicada na edição online da revista FASEB (http://www.fasebj.org), agrega mais dados de que os níveis considerados seguros, de exposição ao Bisfenol-A(BPA), não são efetivamente seguros. A pesquisa sugere que a exposição ao bisfenol A (BPA) durante a gestação leva a alterações epigenéticas que podem causar problemas de reprodução permanente na prole do sexo feminino.
“A exposição ao BPA pode ser prejudicial durante a gravidez porque essa exposição pode afetar permanentemente o feto”, disse Hugh S. Taylor, Ph.D., co-autor do estudo da Yale University School of Medicine, em New Haven, Connecticut. “Precisamos identificar melhor os efeitos de contaminantes ambientais não apenas em seus efeitos mais diretos, tais como defeitos de nascimento, mas também os seus efeitos mais sutis que podem causar problemas de desenvolvimento.”
Taylor e colegas fizeram esta descoberta pela exposição fetal ao BPA de ratas durante a gravidez e análise da expressão de gene e DNA no útero de fetos do sexo feminino. Os resultados mostraram que a exposição ao BPA diminuiu a regulação da expressão génica. Estas mudanças epigenéticas resultaram em ‘excesso’ de resposta ao estrógeno durante a idade adulta, muito tempo após a exposição ao BPA. Isto sugere que a exposição precoce ao BPA afetou a prole fêmea para ser hiper-sensível ao estrogênio. Sensibilidade ao estrogênio pode levar a problemas de fertilidade, a puberdade precoe, desenvolvimento mamário alterado e função reprodutiva, bem como uma variedade de cânceres relacionados com o hormônio.
O artigo “Bisphenol-A exposure in utero leads to epigenetic alterations in the developmental programming of uterine estrogen response” apenas está disponível para assinantes da revista FASEB. Abaixo transcrevemos o abstract.
Bisphenol-A exposure in utero leads to epigenetic alterations in the developmental programming of uterine estrogen response
Jason G. Bromer, Yuping Zhou, Melissa B. Taylor, Leo Doherty, and Hugh S. Taylor
E-mail contact: hugh.taylor@yale.edu
Published online before print February 24, 2010 as doi: 10.1096/fj.09-140533.
Bisphenol-A (BPA) is a nonsteroidal estrogen that is ubiquitous in the environment. The homeobox gene Hoxa10 controls uterine organogenesis, and its expression is affected by in utero BPA exposure. We hypothesized that an epigenetic mechanism underlies BPA-mediated alterations in Hoxa10 expression. We analyzed the expression pattern and methylation profile of Hoxa10 after in utero BPA exposure. Pregnant CD-1 mice were treated with BPA (5 mg/kg IP) or vehicle control on d 9–16 of pregnancy. Hoxa10 mRNA and protein expression were increased by 25% in the reproductive tract of mice exposed in utero. Bisulfite sequencing revealed that cytosine-guanine dinucleotide methylation was decreased from 67 to 14% in the promoter and from 71 to 3% in the intron of Hoxa10 after in utero BPA exposure. Decreased DNA methylation led to an increase in binding of ER-{alpha} to the Hoxa10 ERE both in vitro as and in vivo as determined by EMSA and chromatin immunoprecipitation, respectively. Diminished methylation of the ERE-containing promoter sequence resulted in an increase in ERE-driven gene expression in reporter assays. We identify altered methylation as a novel mechanism of BPA-induced altered developmental programming. Permanent epigenetic alteration of ERE sensitivity to estrogen may be a general mechanism through which endocrine disruptors exert their action.—Bromer, J. G., Zhou, Y., Taylor, M. B., Doherty, L., Taylor, H. S.. Bisphenol-A exposure in utero leads to epigenetic alterations in the developmental programming of uterine estrogen response.
Por Henrique Cortez, do EcoDebate, 01/03/2010, com informações de Cody Mooneyhan, Federation of American Societies for Experimental Biology.
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