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Terremoto no Haiti foi proporcionalmente o pior desastre dos tempos modernos

Em termos proporcionais, o terremoto no Haiti foi a pior catástrofe natural dos tempos modernos. Segundo estudo divulgado ontem (16) pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na comparação com o tamanho da população e da economia, foi o desastre mais devastador desde 1970.

Se for levado em conta o número de mortes por milhões de habitantes, o terremoto no Haiti foi pior que o tsunami que afetou a Indonésia em 2004. Conforme o estudo, a taxa de mortalidade no país caribenho ficou entre 15 mil e 25 mil por milhão de moradores. Na Indonésia, a taxa ficou em apenas 772, apesar de o total de vítimas ter ficado próximo ao registrado no Haiti.

O tsunami no Oceano Índico matou 226 mil pessoas em 12 países. Somente na Indonésia, o total de mortes chegou a 165,8 mil. No Haiti, o número de mortos está estimado entre 150 mil e 250 mil pessoas. Na última quinta-feira (11), o governo haitiano afirmou que as mortes somavam 230 mil.

De acordo com o levantamento, o desastre no Haiti causou cinco vezes mais mortes em termos proporcionais que o terremoto na Nicarágua em 1972. Considerado o segundo pior desastre natural pelo BID, o tremor de terra na Nicarágua matou 10 mil pessoas, 4 mil a cada milhão de habitantes.

Na comparação com o tamanho da economia local, a tragédia no Haiti também é considerada a pior catástrofe natural dos tempos modernos. Segundo o BID, os prejuízos no Haiti deverão ficar entre 104% e 117% do Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens produzidos no país. O terremoto na Nicarágua ficou em segundo lugar, com 102% do PIB e, na Indonésia, o tsunami custou 2% do PIB.

O estudo foi elaborado pelos economistas Andrew Powell, Eduardo Cavallo e Oscar Becerra. De acordo com o BID, a economia de países atingidos por desastres naturais em grande escala leva décadas para se recuperar dos prejuízos.

Em outro estudo ainda a ser concluído, os autores afirmam que, mesmo com volumes consideráveis de ajuda internacional, o PIB per capita desses países cresceu até 30% menos no décimo anos após o desastre do que o previsto, caso as catástrofes não tivessem ocorrido. Apesar disso, eles ressaltam que as doações são importantes para a recuperação dos países.

“Evidentemente, isso não significa necessariamente que o auxílio não funciona. Talvez o efeito de crescimento negativo tivesse sido ainda pior se não houvesse o auxílio”, informa o BID. “No entanto, esses dados destacam o desafio a ser enfrentado pelo Haiti e pela comunidade internacional que tenta ajudar o país.”

Reportagem de Wellton Máximo, da Agência Brasil, publicado pelo EcoDebate, 17/02/2010

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