Relatório internacional mostra ‘pegada florestal’ de grandes empresas
Relatório [Forest Footprint Disclosure Annual Review] lançado ontem (10) no Reino Unido mostra o impacto da atividade de 35 grandes empresas sobre a floresta. O documento, elaborado pela organização Forest Footprint Disclosure calcula a “pegada florestal” de companhias que utilizam commodities ligadas às florestas e que podem pressionar o avanço do desmatamento, como soja, carne, couro, madeira e biocombustíveis.
A organização consultou 217 companhias, mas somente 35 atenderam o pedido de enviar informações sobre o impacto de suas cadeias sobre as florestas, entre elas gigantes como a Unilever, Nike, Adidas, Carrefour e BMW.
O baixo índice de respostas, segundo a organização, mostra que ainda há desconhecimento sobre a relação direta entre desmatamento e mudanças climáticas e que os investidores ainda não relacionam a diminuição dos impactos de suas companhias sobre as florestas como um requisito para a transição para uma economia de baixo carbono.
De acordo com o relatório, há vários casos de grandes empresas que investem alto em publicidade ambiental, mas não aplicam a sustentabilidade na prática.
Dezenove empresas brasileiras foram convidadas, mas apenas duas divulgaram sua “pegada florestal”: o grupo Independência, do setor agropecuário, e a Fibria, gigante de papel e celulose.
O Brasil é citado com frequência na análise da pegada florestal do setor agropecuário e da soja. O relatório defende a necessidade urgente de um sistema de certificação para carne bovina, para impedir que o boi do desmatamento continue sendo exportado.
O documento cita como exemplo a Moratória da Soja, assinada em 2006, e que “reduziu significativamente” a expansão de lavouras de soja na Amazônia brasileira.
Entre as companhias brasileiras que não concordaram em enviar dados sobre os impactos de suas atividades sobre as florestas estão a Cosan, o grupo André Maggi e os frigoríficos Bertin, JBS e Marfrig.
O levantamento pretende subsidiar a escolha de produtos com garantia de origem e sustentabilidade na cadeia produtiva. A iniciativa lembra o relatório A Farra do Boi na Amazônia, lançado em 2009 pelo Greenpeace, que levou grandes redes de supermercados a romper contratos com frigoríficos que não conseguiram comprovar que os bois eram criados em áreas áreas livres de desmatamento ilegal.
Reportagem de Luana Lourenço, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 11/02/2010
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