Presidente do Crea do Rio alerta para novas catástrofes por causa das chuvas
Enseada do Bananal, Ilha Grande (RJ): 31 mortos num paraíso de perigos ignorados. Foto: Revista ISTOÉ
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea/RJ), Agostinho Guerreiro, disse ontem (27) que o estado sofrerá novas catástrofes provocadas por chuvas. O engenheiro participou de uma mesa-redonda no Clube de Engenharia para discutir os deslizamentos de terra que mataram mais de 50 pessoas em Angra dos Reis, no sul fluminense, durante as chuvas do dia 1º de janeiro.
“Infelizmente, teremos novas catástrofes. Teremos novas enchentes. Teremos novos deslizamentos e desabamentos. São desastres anunciados. Mas não estão sendo anunciados aqui, hoje. Eles são anunciados há mais 20, há mais de 30 anos, quando técnicos das diversas especialidades já faziam advertências sérias de um lado e apontavam soluções de outro”, disse Guerreiro.
Segundo o engenheiro, as cidades fluminenses foram ocupadas por êxodo rural “violentíssimo” e “rápido”, que sobrecarregou os serviços públicos urbanos, como saúde, educação e transportes, mas também provocou um déficit habitacional grande no estado. Com isso, essas novas famílias passaram a ocupar áreas de risco.
“Por mais que essas pessoas possam ter parte da responsabilidade, se elas não têm habitação nem emprego, para onde nós queremos que elas migrem? Elas vão morar onde for possível, com seus filhos. E, normalmente, elas vão morar nos pontos frágeis da natureza”, disse o engenheiro.
Por mais que o êxodo rural tenha sido rápido e intenso, Guerreiro atribui grande parte da responsabilidade às autoridades públicas que não lidaram com o problema nos últimos anos.
“Esse problema vem se arrastando há décadas pela irresponsabilidade das pessoas que detêm o poder na mão, ao não fazer cumprir a parte que lhes cabe. Desde os municípios, que muitas vezes, de forma eleitoreira, permitem o assentamento dessas pessoas em áreas extremamente perigosas, até os estados e governos federais”, disse.
O engenheiro voltou a propor a criação de um órgão estadual para cuidar das encostas do Rio, nos moldes da Geo-Rio, empresa de geotecnia municipal carioca. A mesma proposta foi feita pelo presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, que diz que muitos municípios não têm condições técnicas de lidar com a tarefa de monitorar e conter encostas.
Segundo Bogossian, a proposta de criar uma Geo-Rio estadual, ou até mesmo federal, tem mais de cinco anos e surgiu em um seminário em Angra dos Reis. O engenheiro afirma que a proposta chegou a ser encaminhada para a então governadora do estado, Rosinha Garotinho, e ao ministro das Cidades, Márcio Fortes.
Reportagem de Vitor Abdala, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 28/01/2010
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