Caetité, BA: Radioatividade suspende da coleta de água em três pontos de captação
Nova coleta do INGÁ detecta radioatividade em três pontos de Caetité
O Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ) e a Secretaria de Saúde do Estado notificaram, nesta quinta-feira (21), a Prefeitura Municipal de Caetité e as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) a suspenderem imediatamente o consumo de água em três pontos onde foram detectadas a presença de radioatividade alfa e beta acima do permitido pela portaria 518/04 de potabilidade de água do Ministério da Saúde. Destes três, apenas um ponto é utilizado para abastecimento humano com radioatividade alfa acima do limite permitido.
Trata-se do poço da Prefeitura do povoado Barreiro, da zona rural de Caetité, que abastece cerca de 15 famílias desde 2007, com água armazenada em uma caixa d´água. O índice de radioatividade alfa encontrado foi 0,30, quando o padrão é 0,1bq/litro, de acordo com a portaria 518 do Ministério da Saúde. Já o padrão para radioatividade beta é 1,0 bq/l.
A Prefeitura Municipal foi notificada a suspender imediatamente o uso da água deste poço e a garantir o abastecimento alternativo de água para as famílias atingidas. O não cumprimento da notificação implica na aplicação das penalidades previstas na Lei 11.612/09 (Lei das Águas).
A suspensão foi determinada pelo diretor geral do INGÁ, Julio Rocha, logo após o recebimento dos resultados da última análise de coleta de amostra de água realizada pelo órgão na região de Caetité, no Sudoeste do Estado, no início de dezembro de 2009.
Poço da INB contamina aquífero
Os outros dois pontos onde foram detectadas a radioatividade estão localizadas dentro do pátio da INB e são utilizadas para fins industriais. São eles o poço 1, com índice de 4,07 de radioatividade alfa e de 4,05 para radioatividade beta; e a bacia de acumulação Joaquim Ramiro, também dentro da indústria, com 0,23 alfa.
De acordo com o diretor de Regulação do INGÁ, Luiz Henrique Pinheiro, o poço 1 está em processo de análise de renovação de outorga (autorização para uso da água), e que, por conta deste resultado, não será renovada. Já o tanque de acumulação não é passível de outorga. “O que preocupa é que este poço usado pela indústria contamina o aquífero (água subterrânea). É preciso saber a extensão e profundidade deste aqüífero e da pluma de contaminação”, afirmou.
Licenciamento da INB pode ser suspenso
A segunda parte dos resultados, que indicam os radionuclídeos – que informam qual elemento está emitindo a radiação – está prevista para ser entregue ao INGÁ até o início da próxima semana.
“Os resultados avaliam de forma precisa a qualidade das águas que estão na unidade e no entorno da INB, e quais são os elementos radioativos nas águas coletadas”, informou o diretor geral do INGÁ, Julio Rocha.
Segundo ele, o IBAMA será comunicado destes resultados para que tome providências em relação ao licenciamento ambiental da INB, que poderá ser suspenso. Isto porque outorga e licenciamento são instrumentos administrativos que convergem, ou seja, a Política das Águas anda junto com a Política Ambiental.
Água da Embasa não oferece riscos
A Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) abastece as populações da zona urbana dos referidos municípios com água potável e tratada. Esta água não oferece qualquer risco à saúde humana. Além disso, a Embasa realiza rotineiramente a análise da água de todos os mananciais utilizados para consumo humano.
Cadastramento de famílias
Técnicos da Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia (Cerb) estão em Caetité iniciando o cadastro de moradores de diversos povoados para levantar o número de famílias que moram na zona rural e utilizam água de poço; o número de moradores de cada residência; as coordenadas geográficas de cada manancial utilizado para abastecimento e o tipo de manancial utilizado (se é rio, poço tubular, poço escavado, aguada, barragem ou cacimba). Estas informações irão subsidiar a Defesa Civil do Estado nas ações de fornecimento de água.
Suspensão do consumo
Nos demais quatro pontos analisados nesta nova campanha, não foram encontrados teores de radioatividade acima do permitido. São eles: dois poços dentro da INB (16 e 17); a caixa d’água da Embasa, em Lagoa Real; e o poço utilizado pelo povoado de Lagoinha, na zona rural do município de Caetité. Estes sete pontos tiveram amostras coletadas pelo INGÁ pela primeira vez em dezembro de 2009.
No mês de novembro, o INGÁ determinou a suspensão do consumo de água em outros seis de15 pontos analisados nos municípios de Caetité, Lagoa Real e Livramento de Nossa Senhora. Além de notificadas, as Prefeituras Municipais foram determinadas a garantir o fornecimento alternativo de água para as famílias atingidas e a lacrar os referidos poços. Veja abaixo quais são eles.
Monitoramento é permanente
Desde 2008, o INGÁ realiza trimestralmente a coleta e análise laboratorial de amostras de águas superficiais e subterrâneas em todos os pontos utilizados para abastecimento humano da população dos municípios de Caetité, Lagoa Real e Livramento de Nossa Senhora.
As campanhas, que fazem parte do Programa Monitora, analisam os parâmetros de radioatividade alfa e beta, urânio e de qualidade (ph, temperatura, turbidez, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes termotolerantes, nitrogênio total, resíduo total, fósforo, alumínio, ferro), além de outros metais do decaimento do urânio, como o rádio, tório, chumbo total, dentre outros.
De acordo com o diretor de Monitoramento e Informação do INGÁ, Wanderley Matos, as coletas para análise de qualidade da água no entorno da INB, que são feitas trimestralmente, terão continuidade, em todos os pontos utilizados para abastecimento humano e industrial, com resultados disponibilizados para toda a sociedade.
A Secretaria da Saúde do Estado está acompanhando os resultados deste monitoramento de qualidade de água, e adotando as medidas de vigilância em saúde, em conjunto com as secretarias de saúde destes municípios.
Os seis pontos que continuam lacrados desde novembro, com fornecimento de água suspenso por conterem radioatividade são: Torneira do Chafariz público do povoado de Maniaçu (Caetité); Caixa d’água da fazenda Paiol, próximo ao povoado de Lagoa de Timóteo (Livramento de Nossa Senhora); Caixa d’água da fazenda Goiabeira (Lagoa Real); margem da Lagoa Grande (Lagoa Real) – que é utilizada para dessedentação (consumo) animal; cacimba em frente ao colégio Dom Eliseu, do povoado de Lagoa Grande, no município de Lagoa Real; e Açude Cachoeirinha “Tanque do Governo” (Caetité), utilizado para dessedentação (consumo) animal.
Clique nos links abaixo e tenha acesso aos relatórios completos:
Informe do Ingá, publicado pelo EcoDebate, 23/01/2010
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