AC: Oficina define plano de gestão de terra indígena Kaxinawá
A Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) realizaram, entre os dias 15 e 18 de janeiro, a Oficina de Elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena Kaxinawá da Colônia 27. O evento aconteceu na aldeia Pinuya, no município de Tarauacá.
Durante a oficina, foram recolhidas informações sobre a aldeia através de textos, desenhos e apresentações orais feitos pelos indígenas. Para isso, trabalharam-se temáticas como saúde, educação, cultura, recursos florestais, criação de animais, entre outras. Participaram da oficina o professor, o agente de saúde, a liderança e a vice-liderança, o agente agroflorestal, estudantes, artesãs, pajés e demais moradores.
Os dados obtidos irão compor o Plano de Gestão Territorial e Ambiental, documento que contém os problemas de uma terra indígena com base nas temáticas trabalhadas nas oficinas, reivindicações de soluções para esses problemas, bem como acordos e intenções entre os moradores, visando uma melhor gestão do território.
“Nesses dias discutimos coisas importantes para a nossa terra. Com o documento pronto, vamos bater na porta das entidades financiadoras e dos governos para cobrarmos melhorias para a comunidade. Estamos com um projeto de termos uma vida melhor e fortalecer o que é nosso”, afirmou Assis Gomes Kaxinawá, liderança da aldeia.
A Terra Indígena Kaxinawá da Colônia 27 é a menor do estado (305 hectares) e possui alguns problemas, como a pouca quantidade de recursos naturais por estar rodeada de fazendas; dificuldade de acesso à cidade no período das chuvas devido a não pavimentação do ramal; este último problema influencia na saúde e na educação, devido à dificuldade de se chegar ao hospital e à escola do município; entre outros.
Para Manuel Gomes, morador da aldeia, o principal problema da terra indígena é o seu pouco espaço. “As famílias estão crescendo e só 300 herctares de terra nos deixa preocupado com o futuro. A falta de pavimentação do ramal é outro grande problema que enfrentamos. Alguns antropólogos nos ajudaram em um projeto para o asfaltamento, em 2001, e até hoje nada aconteceu”, disse.
As informações obtidas durante a oficina serão sistematizadas e reunidas para comporem o Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena Kaxinawá da Colônia 27. Depois, professores indígenas traduzirão o documento para a língua Hãtxa Kui, do povo Kaxinawá. O próximo e último passo é transformar o documento em um livro bilíngüe, ou seja, na língua portuguesa e na língua indígena.
“O plano vai trazer um benefício positivo porque, passado o nosso pensamento para o papel, fica fácil elaborar projetos e apresentar para as instituições financiadoras e para os governos que quiserem contribuir com o que foi solicitado”, conclui Manoel.
Colaboração de Leandro Chaves, Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC), para EcoDebate, 23/01/2010
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